Dra. Rosane Rodrigues | Especialista em Reprodução Humana SP | WhatsApp

Uretrite

Por Dra. Rosane Rodrigues

Na maioria das vezes causada por uma infecção sexualmente transmissível (IST), a uretrite é a inflamação da uretra, tubo que transporta a urina da bexiga para fora do corpo. Pode afetar homens e mulheres de todas as idades, embora o risco seja maior para pessoas sexualmente ativas.

A inflamação da mucosa uretral é causada por vários patógenos. Os principais são Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae e Mycoplasma genitalium. Embora em alguns casos a doença seja assintomática, entre os sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes estão secreção uretral e disúria (dificuldade para urinar acompanhada de dor).

Embora a uretrite seja facilmente curada, se não for adequadamente tratada, a infecção pode se espalhar para outras partes do trato urinário, provocando diferentes complicações. Além disso, as ISTs que frequentemente causam uretrite podem danificar o sistema reprodutor.

De fato, doença inflamatória pélvica e endometrite causadas por patógenos responsáveis pela uretrite causam infertilidade. Logo, o diagnóstico deve ser precoce e preciso, para que a terapêutica utilizada seja eficaz para a prevenção de complicações.

O que pode causar uretrite e quais complicações a doença pode provocar?

A uretrite ocorre quando as bactérias invadem a uretra. Na maioria dos casos, é provocada pelos mesmos agentes biológicos de algumas ISTs, principalmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis.

No entanto, pode ainda ser transmitida pelo parasita da tricomoníase ou por alguns vírus, como o herpes simples, o citomegalovírus e o papilomavírus humano (HPV) ou ainda resultar de lesões.

Por isso, a uretrite é classificada como gonocócica e não gonocócica. A uretrite gonocócica é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, geralmente transmitida por contato sexual desprotegido, enquanto a não gonocócica, além da transmissão por clamídia ou pelo parasita da tricomoníase, engloba as transmissões virais e pode resultar de lesões ou produtos químicos usados ​​na região pélvica, como espermicidas, geleias e cremes anticoncepcionais.

Mesmo que não seja muito comum, a uretrite pode causar algumas complicações.

Exemplos nos homens incluem cistite (infecção bacteriana na bexiga ou no trato urinário inferior), orquite (inflamação nos testículos), prostatite (inflamação da próstata), epididimite (inflamação do epidídimo, duto que armazena e transporta os espermatozoides e estenose uretral (estreitamento de um segmento da uretra) após infecção grave, que pode causar diminuição ou interrupção do fluxo urinário.

Por outro lado, nas mulheres, cistite, cervicite (infecção do colo uterino) e doença inflamatória pélvica (DIP) estão entre os exemplos de complicações observadas.

Além disso, também é um dos fatores que pode causar artrite reativa e, mais raramente, a síndrome de Opitz (oculogenital), uma desordem genética que atinge diversas estruturas e está associada à uretrite não gonocócica.

Quais sintomas a uretrite provoca?

Em boa parte dos casos, as mulheres que contraem a infecção são assintomáticas. Já os homens podem não apresentar sintomas quando a uretrite é provocada por ISTs, como clamídia, e, eventualmente, por tricomoníase.

Os principais sintomas em homens e mulheres incluem:

Homens

  • Ejaculação dolorosa;
  • Secreção peniana;
  • Sensação de ardor ao urinar;
  • Sangue na urina ou no sêmen;
  • Coceira, sensibilidade ou inchaço no órgão genital;
  • Linfonodos aumentados na região da virilha.

Mulheres

  • Dor durante a relação sexual;
  • Corrimento vaginal pouco comum;
  • Vontade frequente ou urgente de ir ao banheiro;
  • Dor pélvica e abdominal;
  • Coceira;
  • Dor de estômago;
  • Febre e calafrios.

Como os sintomas da uretrite podem ser ainda confundidos com os manifestados por outras condições – cistite aguda, pielonefrite aguda, vulvovaginite bacteriana, cervicite, prostatite e tricomoníase –, por exemplo, é importante procurar um especialista se for observada a presença de algum deles, isoladamente ou em associação.

Como a uretrite é diagnosticada?

O diagnóstico inicia pelo exame físico, como uma avaliação detalhada do histórico clínico, inclusive o registro de ISTs.

Nas mulheres, corrimento vaginal, verrugas genitais, sensibilidade na uretra e na parte inferior do abdômen poderão indicar o problema. Já nos homens, são observados o abdômen, testículos, órgão genital e bexiga, para verificar se há alterações, como inchaço, secreções e assimetria.

O exame de urina é realizado para identificar os patógenos que provocaram o problema e a cistoscopia, um exame endoscópio para verificar as vias urinárias e os segmentos uretrais e da bexiga. Ao mesmo tempo, pode ser indicado para observação ou raspagem de lesões na parede da bexiga, assim como cultura de secreção vaginal para as mulheres.

Outros testes diagnósticos incluem ultrassonografia pélvica. Como exames complementares para as mulheres, hemograma completo e teste de proteína C reativa.

Qual é o tratamento indicado para uretrite?

Além de combater o que provocou a uretrite, o tratamento tem como propósito prevenir a propagação da infecção.

A uretrite infecciosa pode ser tratada por uma variedade de antibióticos. Como em muitos casos é comum a incidência de gonorreia e clamídia em associação, geralmente a recomendação é de que os pacientes recebam os dois tratamentos.

Para aliviar a dor, são indicados os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e o cloridrato de fenazopiridina, que também reduz o desconforto, desejo, urgência ou frequência de micção.

A uretrite infecciosa melhora rapidamente após o início dos antibióticos, entretanto a relação sexual deve ser suspensa até o final do ciclo de tratamento. Os parceiros sexuais também deverão ser tratados.

Quando a uretrite é provocada por lesões ou pela utilização de produtos químicos, desaparece após a identificação, tratamento e suspensão da causa que provocou o problema. No entanto, essa condição é bastante rara.

É importante repetir os exames após o ciclo de tratamento. Em alguns casos, a resistência a determinadas cepas de bactérias pode provocar a cura inadequada ou mesmo a recorrência da doença.

0 0 votes
Article Rating
Deixe o seu comentário:
Se inscrever
Notificação de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments