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Testes de Função Espermática

Por Dra. Rosane Rodrigues

Os testes de função espermática, principalmente o de fragmentação do DNA espermático, são realizados quando a avaliação dos parâmetros seminais é apontada como normal e mesmo assim as mulheres férteis não conseguem engravidar. São complementares ao espermograma, exame que analisa padrões de qualidade do sêmen e dos espermatozoides.

Eles permitem uma análise das funções dos gametas, avaliando desde danos causados ao DNA à integridade da membrana espermática, que contém proteínas necessárias para capacitação dos espermatozoides, facilitando o processo de fecundação.

Os resultados auxiliam no diagnóstico e definição da abordagem terapêutica dos tratamentos para infertilidade masculina, realizados atualmente por fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), técnica que possibilita a seleção dos melhores espermatozoides ou a recuperação deles quando não estão presentes no sêmen, aumentando as chances de gravidez.

Além de serem indicados quando o espermograma não identificou as causas de infertilidade, também podem ser indicados quando há diagnóstico de infertilidade sem causa aparente (ISCA) e se houver falha repetida de implantação do embrião nos tratamentos por FIV.

Neste texto serão apresentados os principais testes de função espermática, com destaque para o de fragmentação do DNA espermático, atualmente muito solicitado.

Principais testes de função espermática

Os testes de função espermática avaliam se há dificuldades de interação do espermatozoide com o aparelho reprodutor feminino que possam dificultar ou impedir o processo de fecundação.

Assim como no espermograma, a coleta do sêmen também é feita por masturbação em laboratório. As amostras posteriormente são analisadas por diferentes testes.

Teste de fragmentação do DNA espermático

O alto nível de danos no DNA dos espermatozoides pode representar uma causa de infertilidade masculina que o espermograma não consegue detectar.

Por isso, o teste de fragmentação do DNA espermático é realizado. Ele avalia se há danos provocados ao DNA dos gametas masculinos, apontando, inclusive, o percentual afetado e as chances de fecundação.

Embriões formados por espermatozoides cujo DNA é altamente fragmentado têm um pior prognóstico. A fragmentação do DNA espermático é significativamente maior em homens inférteis, uma vez que homens com parâmetros seminais pobres são mais propensos a ter alta fragmentação. No entanto, o fenômeno também pode ocorrer em homens com sêmen normal, nesse caso geralmente diagnosticados com infertilidade sem causa aparente (ISCA).

O teste de fragmentação do DNA espermático é indicado para homens com varicocele, pois a doença pode provocar esse tipo de alteração.

Ainda não há um tratamento bem estabelecido para alteração de DNA espermático. Entretanto, mudança na qualidade de vida, antibióticos, anti-inflamatórios, correção de varicocele e até punção testicular são opções disponíveis

Teste de anticorpos antiespermatozoides

Os anticorpos antiespermatozoides se formam em resposta a uma infecção – quando o sêmen entra em contato com o sistema imunológico –, geralmente causada por lesões ou cirurgias em órgãos como os testículos ou próstata. Por outro lado, mulheres também podem ter reações alérgicas ao sêmen dos parceiros, o que também provoca a formação deles.

O teste de anticorpos antiespermatozoides é realizado para detectar a presença dos anticorpos. Eles podem prejudicar a motilidade dos espermatozoides, dificultando ou inibindo o processo de fecundação, causando um fenômeno conhecido como infertilidade imunológica. Esse tipo de infertilidade, entretanto, é bastante raro.

Teste de espécies reativas de oxigênio

Uma das principais causas de infertilidade por fator masculino, o estresse oxidativo resulta da produção excessiva de espécies reativas de oxigênio, provocando alterações na membrana plasmática do espermatozoide e na integridade funcional.

Níveis elevados são citotóxicos, causando a perda de motilidade e vitalidade dos gametas. Além disso, prejudicam os eventos necessários para a fertilização, incluindo a capacitação da reação acrossômica, que promove a fusão com o óvulo.

O teste avalia os níveis de espécies reativas. Em homens inférteis, por exemplo, os níveis geralmente são elevados, ao passo que a capacidade antioxidante sofre uma redução.

Teste de leucócitos no sêmen

Mais conhecidos como glóbulos brancos, os leucócitos são células produzidas pelo sistema imunológico para defender o organismo de agentes como bactérias ou vírus.

O teste avalia a concentração de leucócitos no sêmen. Níveis altos, por exemplo, geralmente indicam a presença de infecção, que pode resultar em má qualidade do sêmen e, consequentemente, afetar a fertilidade com consequências, como a falha repetida de implantação do embrião.

Teste hiposmótico

O teste hiposmótico analisa a integridade e capacidade da membrana espermática para manter o equilíbrio entre o espermatozoide e o ambiente, principalmente durante o percurso até o óvulo. Ela contém proteínas importantes para o processo de fecundação, capacitando os espermatozoides para a reação acrossômica, quando ele rompe a zona pelúcida (película que protege os óvulos), para que ocorra a fecundação.

O estresse hiposmótico induz a cauda do espermatozoide a enrolar, curvar ou inchar. O percentual de espermatozoides inchados indica se a membrana plasmática é funcional e o potencial de fertilidade.

Os testes de função espermática possibilitam o fornecimento de mais informações sobre o potencial de fertilização dos espermatozoides, contribuindo para a definição de uma melhor abordagem nos tratamentos de FIV, reduzindo a incidência de determinados eventos, como a falha de implantação embrionária, aumentando, consequentemente, as chances para uma gravidez bem-sucedida.

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