Mulheres que foram submetidas à laqueadura tubária podem ter o procedimento revertido cirurgicamente. Conhecida como reversão da laqueadura, a cirurgia é minimamente invasiva e apresenta boas taxas de sucesso, embora os percentuais estejam associados a variáveis como a idade da mulher e o tipo de ligadura realizado.
A laqueadura tubária, também chamada ligadura de tubas uterinas, é um método contraceptivo adotado comumente em alguns países, inclusive no Brasil. Entretanto, muitas mulheres se arrependem da escolha, motivadas, principalmente, pelo desejo de ter outro filho. Por isso, o arrependimento é maior entre as mulheres que fizeram o procedimento de ligadura mais jovens.
Nos casos em que que não é possível realizar a reversão ou quando a cirurgia não é bem-sucedida, são indicados tratamentos por técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), que apresenta altos índices de sucesso.
A reversão da laqueadura é indicada principalmente para mulheres com até 35 anos, submetidas a procedimentos de laqueadura menos radicais. Os casos que possibilitam maiores chances para o sucesso da cirurgia incluem:
São considerados irreversíveis os casos em que a laqueadura causou cicatrizes para selar as tubas uterinas ou em que as fímbrias, parte que liga o órgão com os ovários, foram danificadas.
A laqueadura pode ser realizada pelo corte e/ou ligamento cirúrgico das tubas uterinas. O objetivo é impedir o encontro do óvulo com os espermatozoides para evitar a gravidez.
A reversão da laqueadura, por outro lado, tem como propósito a remoção dos fragmentos que estão bloqueando as tubas uterinas e a reparação delas, mediante a realização de pequenas suturas feitas com fio absorvível.
Durante a cirurgia, os segmentos bloqueados são reconectados. A reconstituição permite que os espermatozoides voltem a alcançar o óvulo para fecundá-lo.
Antes de realizar a cirurgia, a paciente deverá ser submetida a diferentes exames, físico, laboratoriais e de imagem, para confirmar se algum outro problema pode estar causando a infertilidade além da cirurgia para esterilização.
Os resultados são importantes para determinar se há chances de sucesso na realização da cirurgia ou mesmo o tipo de tratamento mais adequado.
A técnica mais utilizada para realizar a reversão da laqueadura é a videolaparoscopia, com ou sem o auxílio de robô (cirurgia robótica). Minimamente invasiva, prevê pequenas incisões e a utilização de equipamentos de alta tecnologia, como microcâmeras, fibras óticas e monitores, que permitem uma visão detalhada do espaço operacional.
Outra técnica, também considerada minimamente invasiva, a minilaparotomia também pode ser indicado como alternativa. No entanto, é uma abordagem mais próxima às cirurgias abdominais convencionais e prevê a exposição do útero, tubas uterinas e ovários, com maiores riscos de infecção e maior morbidade pós-operatória.
Cerca de duas semanas após a cirurgia, já é possível retornar às atividades normais, inclusive as sexuais. A evolução do processo, entretanto, deve ser acompanhada periodicamente após esse período.
Embora sejam raros, alguns riscos estão associados ao procedimento, desde infecções, sangramentos e complicações relacionadas à anestesia, comuns a cirurgias, a lesões em outros órgãos próximos. Eles incluem:
Mesmo que a possibilidade de reversibilidade varie de acordo com diferentes fatores, quanto mais cedo a mulher esterilizada procurar pela reversão, maiores são as chances de ela engravidar no futuro, uma vez que as taxas de sucesso para uma futura gravidez após a cirurgia geralmente são mais altas em mulheres mais jovens, com até 35 anos, e sofrem uma redução com o avanço da idade.
Nos casos em que a cirurgia não é bem-sucedida ou não pode ser realizada, normalmente é indicado o tratamento por fertilização in vitro (FIV), a técnica de reprodução assistida que registra os índices mais altos de sucesso de nascidos vivos por ciclo realizado.
Atualmente, além da FIV clássica, o tratamento pode ser feito por FIV com ICSI, em que cada espermatozoide é diretamente injetado em cada óvulo, aumentando, consequentemente, o número de embriões formados e as chances para uma gravidez bem-sucedida.