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Reprodução assistida: como uma pessoa solteira pode ter filhos?

Reprodução assistida: como uma pessoa solteira pode ter filhos?

Por Dra. Rosane Rodrigues 19/01/2022

No Brasil, desde 2013 as técnicas de reprodução assistida são extensivas a pessoas solteiras que pretendem engravidar, independentemente de serem ou não inférteis. A determinação é do Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que orienta as regras de reprodução assistida no país.

Embora a procura por uma gravidez independente seja maior entre as mulheres, os homens também têm aderido à opção. No entanto, para ter filhos biológicos, homens e mulheres passam por diferentes etapas, uma vez que as necessidades também se diferenciam.

Continue a leitura até o final e saiba mais!

Entenda como uma pessoa solteira pode ter filhos

A técnica de reprodução assistida mais indicada para pessoas solteiras terem filhos é a fertilização in vitro (FIV). A FIV é a principal técnica de reprodução assistida, adequada, da mesma forma, quando há infertilidade provocada por fatores mais graves.

No tratamento é possível o acompanhamento e controle de etapas importantes para a gravidez ser bem-sucedida, como os processos de fecundação e cultivo embrionário, aumentando, assim, as chances de pessoas solteiras se tornarem pais biológicos.

Os percentuais de sucesso da FIV são reforçados por técnicas complementares ao tratamento, que permitiram a solução de diferentes problemas, incluindo a gravidez de pessoas solteiras.

Entre elas está a doação de gametas (óvulos e espermatozoides) e embriões, fundamental para o processo. E a criopreservação de gametas e embriões, uma opção importante para preservar a fertilidade em antecipação ao declínio natural.

Tendência no mundo todo, a preservação social como é conhecida, em muitos casos precede a gravidez independente. Além disso, os óvulos e espermatozoides doados também devem ser congelados.

Veja abaixo como mulheres e homens solteiros podem ter filhos com a utilização da FIV:

Produção independente para mulheres

As mulheres deverão contar com um doador de sêmen para engravidar. Ele pode ser escolhido nas clínicas de reprodução assistida ou em bancos de esperma, com características biológicas semelhantes à da mulher.

De acordo com as regras do CFM, a doação de gametas podia apenas ser anônima e voluntária, ou seja, doadores e receptores não podem conhecer a identidade uns dos outros. Ainda que esse formato permaneça, com a resolução atual o órgão passou também a permitir a doação por parentes de até quarto grau dos pacientes em tratamento, desde que não incorra em consanguinidade. 

Da mesma forma, não pode ter caráter comercial ou lucrativo. Mesmo que este tipo de prática seja comum em alguns países, não é permitido no Brasil.

Após a escolha do doador o tratamento inicia com a estimulação ovariana e indução da ovulação. A mulher recebe medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos e obter mais óvulos, pois na gestação natural apenas um desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo.

Os folículos maduros são coletados posteriormente por aspiração folicular e os óvulos extraídos em laboratório, quando os melhores são selecionados para a fecundação.

Enquanto essa etapa é realizada, as amostras do doador de sêmen são preparadas. A técnica, também complementar à FIV é conhecida como preparo seminal e utiliza diferentes métodos para capacitar os espermatozoides, selecionando apenas os mais saudáveis para a fecundação, com melhor movimento (motilidade) e forma (morfologia).

A fecundação é realizada em laboratório por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): cada espermatozoide é novamente avaliado individualmente por um microscópio de alta resolução e injetado diretamente no óvulo por um aparelho chamado micromanipulador de gametas, bastante preciso.

Depois que os óvulos são fecundados, os embriões são cultivados em incubadoras por até seis dias, o processo é diariamente acompanhado por embriologista.

A transferência para o útero pode acontecer em duas etapas de desenvolvimento embrionário: D3 e clivagem, entre o segundo e terceiro dia, quando inicia a divisão celular e D5 ou blastocisto, quando s células já estão formadas e divididas por função. A mais adequada para cada caso é indicada pelo especialista.

Produção independente para homens

Assim como as mulheres, os homens devem contar com uma doadora de óvulos para engravidar. Ela também pode ser escolhida em clínicas de reprodução assistida de acordo com as características biológicas. As regras de anonimato e voluntariado são as mesmas, assim como a doação por parentes próximos.

Para engravidar os homens precisam ainda utilizar outra técnica complementar à FIV: o útero de substituição ou cessão temporária do útero, popularmente conhecida como ‘barriga de aluguel’.

O CFM permite que o útero seja cedido também por parentes de até quarto grau dos pacientes em tratamento, como mães, filhas, tias, sobrinhas e primas, desde que sem nenhuma intenção comercial.

A mulher que vai ceder o útero deve ter a saúde confirmada atestando a capacidade de sustentar a gestação e pode receber medicamentos hormonais para garantir a receptividade endometrial: o embrião implanta no endométrio, camada que reveste o útero internamente, onde fica abrigado enquanto a placenta é formada. Por isso, um endométrio receptivo é fundamental para o sucesso da gravidez.

Para selecionar os espermatozoides, as amostras de sêmen do homem também são submetidas ao preparo seminal.

Duas semanas após a transferência a gravidez pode ser confirmada. Embora os percentuais variem de acordo com a idade da mulher, são bastante altos: em média 40% a cada ciclo de tratamento.

Saiba detalhadamente como a FIV funciona tocando aqui.

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