A relação sexual programada (RSP) é uma das técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade e a opção mais simples para obter uma gravidez quando há problemas de infertilidade feminina, como disfunção na ovulação. Atualmente, é mais indicada que a inseminação artificial (IA) ou inseminação intrauterina (IIU).
Períodos irregulares, ausência de menstruação ou sangramento anormal são sintomas que sugerem distúrbios de ovulação.
No entanto, o tratamento com a utilização da técnica pode ser feito apenas por mulheres com as tubas uterinas saudáveis, ou seja, que não tenham sido afetadas por nenhuma outra condição.
Além das tubas uterinas saudáveis, para a realização do tratamento a boa qualidade dos espermatozoides também é imprescindível, pois a técnica não prevê nenhum tipo de preparação seminal.
Ou seja, a infertilidade deve ser apenas por fator feminino, principalmente quando há disfunção na ovulação, embora mulheres com infertilidade sem causa aparente (ISCA) e endometriose leve ou mínima também possam ser indicações.
Distúrbios na ovulação são sinalizados por períodos menstruais irregulares (oligomenorreia), ausência de menstruação (amenorreia) ou sangramento anormal e representam um percentual significativo de todos os casos de infertilidade feminina. Podem ser provocados por diferentes condições, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), insuficiência ovariana prematura e alterações na tireoide.
O tratamento por relação sexual programada (RSP) inicia com a realização do exame físico para verificar se há alterações no útero e ovários que possam dificultar o processo gestacional. A saúde do sistema reprodutor feminino, inclusive das tubas uterinas, também deverá ser confirmada por ultrassonografia transvaginal.
Deverão ser realizados, ainda, testes para avaliação da reserva ovariana, com o propósito de estimar a quantidade e qualidade dos óvulos produzidos, além de confirmar se há ausência de ovulação.
É importante, ao mesmo tempo, verificar a qualidade dos espermatozoides e garantir que eles estejam dentro dos parâmetros de normalidade, uma vez que a fecundação ocorrerá de forma natural.
Posteriormente é feita a estimulação ovariana, a partir de medicamentos hormonais, com o propósito de estimular o desenvolvimento folicular e maturação dos óvulos.
O protocolo para o tratamento é definido a partir dos resultados dos exames e personalizado de acordo com as características de cada paciente, podendo ser utilizadas medicações orais ou injetáveis.
O desenvolvimento dos folículos é acompanhado periodicamente por ultrassonografia transvaginal e exames de sangue para verificar os níveis hormonais. Quando eles atingem o tamanho adequado, são prescritos medicamentos específicos para induzir a ovulação, tornando possível programar a relação sexual para os dias férteis, aumentando as chances de fecundação.
Embora a RSP possa ser realizada por até 6 ciclos, na maioria dos casos a fecundação ocorre antes e, dependendo do caso, uma falha pode ser indicação para técnicas de alta complexidade, como a fertilização in vitro (FIV).
O procedimento registra taxas de sucesso semelhantes à gestação natural. No entanto, os percentuais na RSP estão diretamente relacionados à idade. Por isso, o tratamento geralmente é uma opção mais adequada para mulheres com até 35 anos.
Mulheres acima dessa idade normalmente apresentam uma diminuição maior da reserva ovariana e são mais beneficiadas pela FIV, que apresenta os percentuais mais expressivos de nascimentos por ciclo, garantindo mais chances para obtenção e desenvolvimento da gravidez.
Os riscos potenciais do tratamento com a RSP estão relacionados ao uso de medicamentos hormonais. Em alguns casos, pode aumentar a possibilidade de gestação múltipla, com maior risco para a mãe e para os bebês e, mais raramente, provocar o desenvolvimento da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), quando os ovários produzem uma quantidade maior de hormônios por um longo período de tempo.
No entanto, além de ser uma condição rara, a SHO, embora possa provocar problemas mais graves, atualmente é facilmente evitada pelo acompanhamento clínico e laboratorial durante o tratamento.