Atualmente, os tratamentos de reprodução assistida também possibilitam a preservação da fertilidade de homens e mulheres que pretendem adiar os planos de gravidez para um momento futuro, independentemente de serem ou não inférteis.
Preservação social da fertilidade é o termo utilizado para definir o procedimento que prevê o congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides), além de embriões, a partir da criopreservação, uma das técnicas empregadas no contexto da fertilização in vitro (FIV).
Com os novos padrões sociais, a maternidade tardia tornou-se um fenômeno comum no mundo todo, atribuído principalmente à ascensão da mulher no mercado de trabalho, associada, consequentemente, com a maior dedicação à carreira e educação.
O adiamento dos planos de gravidez despertou os problemas que envolvem as tentativas tardias, uma vez que a qualidade dos gametas diminui com o avanço da idade.
A fertilidade feminina, especialmente, sofre um declínio acentuado a partir dos 35 anos, por isso a procura pela preservação da fertilidade é maior entre mulheres solteiras. No entanto, alguns casais também optam por adiar a gravidez, uma vez que a fertilidade masculina, mesmo que mais lentamente, também diminui.
Nesse caso, ambos os parceiros podem ser submetidos ao procedimento para o congelamento dos gametas ou de embriões formados a partir da fecundação.
O tratamento é realizado de forma semelhante à fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides) ou clássica. A preservação da fertilidade feminina tem início com a estimulação ovariana por medicamentos hormonais, a fim de obter um número maior de óvulos que serão congelados.
Os medicamentos são administrados desde o início do ciclo menstrual e o desenvolvimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografia transvaginal.
Quando eles atingem o tamanho ideal, é realizada também com medicamentos hormonais a indução da ovulação, que ocorre em cerca de 36 horas. A coleta dos folículos é feita, então, por punção, e os óvulos mais saudáveis são congelados.
Já a coleta dos espermatozoides pode ser feita por masturbação ou por procedimentos de punção ou cirúrgicos diretamente do epidídimo ou dos testículos, se eles não estiverem presentes no líquido seminal.
Após serem coletados, os com melhor morfologia e motilidade também são selecionados para criopreservação. A seleção é realizada por técnicas de preparação seminal.
Nos casos em que a opção mais adequada é o congelamento de embriões, os gametas são fecundados em laboratório. A fecundação pode ser realizada de duas formas, embora atualmente a mais indicada seja a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI). A outra forma é a FIV clássica, em que os gametas são colocados juntos em uma placa de cultura para que a fecundação ocorra de forma natural. Na FIV com ICSI, cada espermatozoide é injetado diretamente em cada óvulo, aumentando ainda mais as chances de fertilização e, consequentemente, de embriões formados.
Para a criopreservação, a técnica mais indicada atualmente é a vitrificação, que não provoca danos aos gametas e embriões congelados e oferece maiores taxas de sobrevivência.
Além disso, os gametas e embriões congelados não diminuem em qualidade quando comparados aos frescos e proporcionam taxas similares de gravidez nos tratamentos de reprodução assistida.
Mesmo que sejam baixos, alguns riscos estão relacionados à coleta de óvulos e à estimulação ovariana. O procedimento para recuperação dos gametas, por exemplo, pode provocar infecção e sangramento abdominal em raros casos.
Os medicamentos hormonais sugerem ainda o risco de desenvolvimento da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), que resulta em problemas graves, como a trombose venosa profunda (TVP). No entanto, a SHO é uma condição rara e pode ser evitada pelo acompanhamento clínico e laboratorial durante o tratamento.