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Preservação social da fertilidade: conheça as possibilidades

Preservação social da fertilidade: conheça as possibilidades

Por Dra. Rosane Rodrigues 31/03/2021

Os casais sentem a pressão do relógio biológico feminino para ter filhos a partir dos 35 anos. No entanto, as mulheres engravidarem acima de 35 anos tornou-se bastante comum. Essa tendência é associada à emancipação feminina, resultando, nas últimas décadas, em mais dedicação de tempo à carreira e vida pessoal.

Aos 40 anos muitas mulheres estão vivendo seu melhor estágio pessoal e profissional. As experiências, sem dúvida, contribuem para o desenvolvimento de uma maternidade serena e consciente.

Porém, é exatamente a partir dessa idade que os riscos se tornam maiores. Durante a gravidez, naturalmente a circulação sanguínea e o trabalho do coração acabam aumentando. Após os 40 anos, essas alterações sobrecarregam o músculo cardíaco.

Além disso, algumas condições comuns à essa faixa-etária, como a obesidade e osteoporose, por exemplo, podem ainda agravar o quadro.

Este post explica como é realizado o procedimento e destaca os riscos da maternidade tardia. Continue a leitura e saiba mais.

Como preservar a fertilidade?

Atualmente, é possível preservar a fertilidade em antecipação ao declínio natural, o que garante a manutenção da qualidade dos óvulos, que também diminui com o avanço da idade e amplia o prazo para a maternidade.

O procedimento é chamado preservação social da fertilidade e prevê a criopreservação dos óvulos. Com o avanço dos métodos de congelamento, que permitem a criopreservação por mais tempo com danos praticamente inexpressivos às células e altas taxas de sobrevida, se tornou uma tendência mundial.

Para congelar os óvulos, a mulher é submetida à estimulação ovariana: medicamentos hormonais são administrados para estimular o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, obtendo mais óvulos para serem congelados. Os óvulos devem ser congelados até no máximo 35 anos e é importante ficara atenta ao período para descongelá-los, aumentando, assim, as chances e minimizando os riscos.

Para aumentar as chances após o descongelamento algumas dicas podem ajudar bastante:

  1. Levar um estilo de vida saudável e equilibrado. A gravidez envolve muitas mudanças físicas e emocionais, e cuidar de sua dieta é muito importante para manter a forma e reduzir os riscos. Comer de forma saudável, praticar atividades físicas moderadas, permite viver melhor essa fase e, é claro, o resto da gravidez.
  2. Faça um exame médico para verificar seu estado de saúde e avaliar possíveis alterações hormonais que podem interferir na gravidez.
  3. Consulte o seu ginecologista sobre a possibilidade de tomar suplementos que podem facilitar a gravidez (ácido fólico, por exemplo).
  4. Evite tabaco, álcool e outras substâncias que possam alterar o fluxo sanguíneo e aumentar o risco de aborto espontâneo nas primeiras semanas de gravidez.
  5. Realize atividades que relaxam o corpo e a mente. O fator psicológico influencia a produção de hormônios no corpo.

Assim, é possível aproveitar os benefícios proporcionados pela gravidez em idades mais avançadas, como a maior flexibilidade nos horários de trabalho, aproveitando o tempo livre para se dedicar mais.

Riscos de uma gestação acima dos 40 anos

Após os 35 anos, a reserva ovariana diminui e a qualidade dos óvulos é comprometida, aumentando a possibilidade de ocorrem anormalidades cromossômicas.

Anormalidades cromossômicas numéricas, chamadas aneuploidia, podem provocar falhas no processo de nidação, quando embrião implanta no endométrio, resultando em falhas e abortamento. Ou no desenvolvimento da Síndrome de Down, comum em filhos de mães mais velhas.

Além disso, problemas comuns de saúde que podem surgir com a idade (hipertensão, diabetes, desequilíbrios hormonais) também tornam o risco maior e, consequentemente, as chances de complicações no parto, como uma placentação anormal, que pode levar à pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial), atraso do crescimento intrauterino ou descolamento da placenta.

Mulheres em idade avançada que pretendem engravidar, podem contar com o auxílio da fertilização in vitro (FIV). Na técnica, é possível selecionar os óvulos mais saudáveis para a fecundação.

Óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório. Hoje, o método mais usado nas clínicas de reprodução assistida é a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que cada espermatozoide é avaliado e posteriormente injetado no citoplasma do óvulo.

Os embriões são posteriormente cultivados em laboratório e transferidos para o útero. O processo é bastante simples, realizado com a mulher em posição ginecológica sob sedação. Eles são inseridos em um cateter e depositados no útero para que a nidação ocorra.

Na FIV, as células dos embriões de mulheres mais velhas, podem ser analisadas pelo teste genético pré-implantacional, técnica complementar ao tratamento. Assim, apenas os mais saudáveis são transferidos, reduzindo ainda mais a possibilidade de ocorrerem falhas na implantação e abortamento, ou de crianças com a Síndrome de Down.

A FIV com ICSI também é o tratamento indicado para obter a gravidez após o descongelamento dos óvulos. É a técnica de reprodução assistida que possui os percentuais mais expressivos de sucesso gestacional por ciclo de realização do tratamento.

Os índices de gravidez, entretanto, assim como na gestação natural são menores em idades mais avançadas.

Para saber mais como preservar a fertilidade, clique aqui.

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