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Laqueadura: é possível reverter?

Laqueadura: é possível reverter?

Por Juliana Carvalho 09/05/2022

As tubas uterinas fazem parte do sistema reprodutor feminino. São dois tubos com aproximadamente 10 cm localizados de cada lado do útero.

Uma de suas extremidades (o infundíbulo, uma estrutura em formato de funil) abre-se na cavidade peritoneal próximo ao ovário e possui prolongamentos no formato de franjas, chamados fímbrias. A outra (intramural) atravessa a parede do útero e se abre no interior do órgão.

É nas tubas uterinas que a fecundação acontece. Em cada ciclo menstrual, os ovários liberam um óvulo, que é capturado pelas tubas para encontrar o espermatozoide: no momento em que é liberado (ovulação), ocorre um movimento ativo e a sua extremidade afunilada se aproxima da superfície do ovário, possibilitando, assim, a captura.

Na fecundação, é formado o zigoto, que passa a ser chamado de embrião assim que tem início uma série de divisões celulares e isso acontece durante o percurso do embrião para o útero também pelo infundíbulo.

Para impedir o encontro com o espermatozoide, é realizada a laqueadura ou cirurgia de esterilização feminina, que prevê a obstrução das tubas uterinas.

Continue a leitura para saber como e quando é possível reverter esse procedimento.

O que é laqueadura e como ela é feita?

A laqueadura é um método contraceptivo bastante comum, pelo qual as tubas uterinas são obstruídas, cortadas ou amarradas, para impedir permanentemente a gravidez. É considerada a forma mais segura de evitar a concepção.

As principais funções das tubas uterinas é a de capturar o óvulo, transportar os espermatozoides em direção a ele e possibilitar o retorno do embrião formado ao útero para que a implantação ocorra. Assim, a oclusão ou remoção das tubas uterinas impede a fertilização e, consequentemente, a gravidez.

A técnica mais comumente utilizada para laqueadura é a laparoscopia. Minimamente invasiva, utiliza um aparelho chamado laparoscópio, um tubo ótico com câmera acoplada, que possibilita uma avaliação detalhada dos órgãos das regiões abdominal e pélvica, com transmissão em tempo real para um monitor. O procedimento ocorre em ambiente hospitalar, geralmente com o uso de anestesia geral.

A laqueadura laparoscópica pode ser realizada por três métodos:

  • Dispositivos mecânicos: são usados dispositivos mecânicos para ocluir as tubas uterinas, como anéis de borracha de silicone, clipe com mola ou de titânio revestido com borracha de silicone. Eles são implantados usando aplicadores especiais, porém são mais eficazes se as tubas uterinas forem normais: a aplicação incorreta e a falha podem ocorrer se elas estiverem espessadas, dilatadas ou formarem aderências;
  • Excisão tubária: pode ser removida parte, uma ou ambas as tubas uterinas. Essa técnica é especialmente útil se os tubos forem anormais;
  • Eletrocoagulação bipolar: um dispositivo bipolar é usado para cauterizar e ocluir as tubas, porém esse método raramente é uma opção, por sua associação com efeitos adversos.

Por ser um método contraceptivo permanente, muitas mulheres submetidas à cirurgia se arrependem, principalmente as mais jovens, motivadas por diferentes fatores, como um novo casamento ou o desejo de ter mais filhos, por exemplo. A reversão da laqueadura é um procedimento que permite a restauração da fertilidade em alguns casos, de acordo com diferentes fatores, mas também depende da técnica utilizada na laqueadura.

Quando a reversão da laqueadura é indicada?

A reversão da laqueadura é feita com o propósito de restaurar a fertilidade, proporcionando, novamente, a concepção. No entanto, nem todas as mulheres esterilizadas podem ser submetidas ao procedimento.

Diversos fatores são avaliados para determinar se a cirurgia poderá ou não ser bem-sucedida, incluindo:

  • Idade e índice de massa corporal;
  • O método utilizado para a cirurgia de laqueadura;
  • A extensão de danos das tubas uterinas;
  • Comprimento restante das tubas;
  • Outros fatores de fertilidade.

Assim, o sucesso é mais provável se ainda houver pelo menos uma porção da tuba saudável e se a cirurgia de esterilização tiver sido realizada com a utilização de clipes ou anéis.

Por outro lado, a cirurgia não poderá ser revertida quando as tubas são cauterizadas por eletrocoagulação.

Como a reversão é realizada?

O procedimento para a reversão da laqueadura tem como objetivo a remoção das peças utilizadas ou a reconexão, nos casos em que são cortadas (excisão tubária): os segmentos bloqueados ou cortados são reconectados ao restante das tubas por pequenas suturas. Dessa forma, os espermatozoides podem alcançar novamente o óvulo para fecundá-lo.

A laparoscopia também é a técnica usada para a reversão. Após o procedimento, mulheres com até 35 anos têm boas chances de sucesso de obter a gravidez, percentuais que diminuem à medida que a idade avança.

Reversão da laqueadura e reprodução assistida

Quando a gravidez não acontece, mulheres acima dos 36 anos ou que se enquadram em um dos fatores que impossibilitam a reversão, ainda podem engravidar por tratamentos de reprodução assistida.

Nesse caso, a técnica utilizada é a fertilização in vitro (FIV), em que a fecundação ocorre em laboratório e os embriões formados são transferidos posteriormente para o útero. Ou seja, as tubas uterinas não são necessárias nesse processo.

A FIV acontece em cinco diferentes etapas, fecundação e transferência embrionária estão entre elas. É, atualmente, a principal técnica de reprodução assistida, apresentando os melhores resultados de sucesso gestacional: aproximadamente de 40% em média.

Quer saber mais como a reversão da laqueadura funciona? Toque aqui e leia o nosso texto institucional.

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