A infertilidade feminina pode ser provocada por distúrbios de ovulação ou danos nos órgãos do sistema reprodutor feminino, como ovários, tubas uterinas, útero e colo do útero, ao mesmo tempo que a reserva ovariana também diminui com o avanço da idade. Independentemente da causa da infertilidade, a mulher deve ser acolhida da melhor forma possível e o caso deve ser investigado de acordo com suas peculiaridades, para que a indicação seja precisa. Em muitos casos, são os detalhes que determinam o curso das ações. Cada etapa da investigação deve ser avaliada com muito cuidado.
A infertilidade é um problema relativamente comum que afeta milhares de pessoas no mundo todo. É definida como a falha em obter uma gravidez após um ano ou mais de relações sexuais regulares sem proteção.
Os fatores femininos representam cerca de 30% dos casos de infertilidade e, além da tentativa malsucedida em engravidar, manifestam diferentes sintomas, de acordo com a causa que provocou a doença, indicando a necessidade de procurar um especialista.
Este texto aborda a infertilidade feminina, explicando detalhadamente as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento.
A infertilidade feminina pode ser provocada por diferentes causas. As principais incluem:
A causa mais comum de infertilidade feminina é a incapacidade de ovular, problema que ocorre em quase a metade das mulheres com a doença.
A ausência de ovulação, também chamada anovulação, pode resultar de diferentes condições, como insuficiência ovariana primária (IOP), síndrome dos ovários policísticos (SOP), distúrbios endócrinos, entre eles da tireoide ou do hipotálamo, que afetam os níveis dos hormônios produzidos pelo organismo, diminuição da reserva ovariana, comum ao envelhecimento, ou mesmo hábitos, como tabagismo e alcoolismo.
Além disso, os óvulos podem ainda não amadurecer adequadamente, dificultando o processo de fertilização.
O ciclo menstrual é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea. Cada uma desempenha um papel importante no processo de reprodução, por isso qualquer irregularidade que ocorra em uma delas pode provocar alterações na fertilidade.
Problemas no ciclo menstrual são causados por distúrbios hormonais e geralmente caracterizados por irregularidades menstruais, como amenorreia (períodos menstruais ausentes), oligomenorreia (períodos menstruais infrequentes), menorragia (sangramento excessivo), sangramento menstrual prolongado e períodos dolorosos (dismenorreia).
Algumas condições podem provocar danos aos órgãos do sistema reprodutor feminino, dificultando a fecundação ou a implantação do embrião. Elas incluem:
Endometriose: o tecido endometrial ectópico provoca aderências (cicatrizes) que obstruem as tubas uterinas. A endometriose pode ainda afetar a qualidade oocitária e a receptividade do endométrio, comprometendo a implantação do embrião.
Miomas uterinos: tumores benignos que se desenvolvem a partir das células musculares lisas do miométrio, camada muscular do útero, apesar de não serem graves, quando crescem na cavidade uterina (submucosos) ou na parede do útero (intramurais) podem provocar abortos espontâneos, partos prematuros e infertilidade.
Pólipos endometriais: também chamados pólipos uterinos, se formam a partir do crescimento anormal das células do endométrio, tecido que reveste a camada interna do útero. Embora geralmente sejam benignos, causam alterações na receptividade endometrial e podem provocar falha na implantação do embrião.
Tecido cicatricial: resultante de cirurgia realizada no abdômen ou pelve, pode aumentar o risco de aborto e interferir na implantação do embrião, levando à infertilidade.
Anormalidades uterinas: anormalidades uterinas congênitas, como alterações no formato, podem causar problemas para engravidar ou manter a gravidez.
A doença inflamatória pélvica (DIP), uma infecção que ocorre no útero e nas tubas uterinas, pode causar danos nos órgãos, interferindo na fertilidade. Ela é provocada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia.
Ao mesmo tempo, infecções crônicas no colo do útero e lesões cervicais provocadas por infecção pelo papilomavírus humano (HPV) podem reduzir a quantidade ou a qualidade do muco cervical. O fluido contribui para que o espermatozoide chegue mais facilmente ao útero durante o período fértil.
Finalmente, a inflamação do endométrio (endometrite) pode ser uma das causas de abortamento e de infertilidade.
Para que a gravidez se desenvolva, é necessário que o embrião se implante adequadamente no endométrio, tecido que reveste a parte interior da cavidade uterina. Embora as causas que provocam a falha nesse processo sejam muitas vezes desconhecidas, algumas possibilidades incluem:
Distúrbios autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do próprio corpo. Por isso, algumas doenças autoimunes, como lúpus, tireoidite de hashimoto ou artrite reumática, podem afetar a fertilidade. As razões para que isso ocorra não são totalmente compreendidas e diferem entre as doenças, porém acredita-se que sejam provocadas por inflamações no útero e na placenta ou por medicamentos usados no tratamento das doenças. Essas doenças também podem coexistir com falência ovariana prematura. Logo, as mulheres que têm essas doenças devem ser aconselhadas quanto a esse risco.
Diferentes sintomas podem sugerir infertilidade feminina e a necessidade de procurar um especialista:
Os principais exames para diagnosticar a infertilidade incluem:
Teste de reserva ovariana: para determinar a qualidade e a quantidade de óvulos disponíveis para a ovulação.
Exames hormonais: para avaliar os níveis de hormônios ovulatórios, assim como os hormônios da tireoide e da hipófise, que controlam os processos reprodutivos.
Exames de imagem: a ultrassonografia pélvica pode detectar alterações no útero e tubas uterinas, e a histerossalpingografia, um exame de raio-X com a utilização de contraste, ou a videohisteroscopia diagnóstica, anormalidades na cavidade uterina.
Teste genético: para detectar problemas genéticos que causem infertilidade.
O tratamento é a parte mais complexa e exige responsabilidade do especialista, uma vez que o casal está fazendo um grande investimento para alcançar seu objetivo. Os aspectos emocionais são fundamentais para essa etapa.
O tratamento é indicado de acordo com a causa que provocou a doença. Pode ser hormonal, cirúrgico ou com a utilização de técnicas de reprodução assistida (TRA):
É indicado quando a infertilidade é provocada por distúrbios de ovulação. Tem como propósito principal estimular a ovulação.
Procedimentos cirúrgicos são indicados quando a infertilidade é causada por danos ou obstruções nas tubas uterinas. A cirurgia geralmente é realizada por videolaparoscopia e tem como objetivo remover o bloqueio ou reparar os danos.
Nos casos em que a infertilidade provoca maior comprometimento dos órgãos reprodutivos ou quando não há sucesso em outros tratamentos, são indicadas as técnicas de reprodução assistida (TRA), como a inseminação intrauterina (IIU) e fertilização in vitro (FIV).
A inseminação intrauterina (IIU) é uma técnica de baixa complexidade indicada para problemas de ovulação, quando há alterações no colo uterino, endometriose mínima ou leve, leves alterações no esperma e quando a infertilidade é sem causa aparente (ISCA), condição rara. A fertilização ocorre no útero, a partir da introdução dos espermatozoides durante um ciclo de ovulação.
Já a FIV, de alta complexidade, é indicada quando a infertilidade é mais grave ou quando não houve sucesso com a utilização da inseminação intrauterina.
Assim como a IIU, o tratamento prevê a estimulação ovariana, com o propósito de aumentar a quantidade de óvulos que serão posteriormente fecundados.
No entanto, a fertilização ocorre em laboratório. Ambos os gametas (óvulos e espermatozoides) são colocados juntos em uma placa de cultura, para que a fecundação ocorra de forma natural. Os embriões formados são posteriormente transferidos para o útero.
Quando a infertilidade também é provocada por fatores masculinos graves, o tratamento é realizado a partir da FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que o espermatozoide é diretamente injetado nos óvulos.
Se não houver sucesso em nenhum dos métodos, é possível recorrer ainda à doação de gametas ou embriões, que também integram o tratamento de FIV ou à adoção.