A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida – SBRA e a Red Latinoamericana de Reproducción Asistida – REDLARA, acompanhando as demais sociedades mundiais e face à presença da pandemia de Covid-19, emitiram comunicado em 17 e 21 de março de 2020. Globalmente, e na América Latina não foi diferente, ciclos iniciados foram completados, decisões de congelamento tomadas, transferências discutidas e, na maioria das vezes, postergadas. Desde o início, entendemos que poderiam haver situações a serem individualizadas, como os casos oncológicos, em que pacientes necessitariam com urgência da preservação de seus gametas previamente a procedimentos cirúrgicos ou eventual quimioterapia que pudesse afetar sua fertilidade futura. Ao mesmo tempo, havia outros casos susceptíveis de individualização.
Passados 30 dias, com novos dados sobre a Covid-19, reconhecendo novos cenários para diferentes países, regiões ou cidades, além da realidade de um período claro de extensão da pandemia, que a infertilidade é definida pela OMS como doença, assim como a própria OMS define o direito de autonomia dos pacientes e:
CONSIDERANDO que, sob a luz de novas evidências científicas, este posicionamento deverá seguir sendo atualizado em momentos sucessivos;
CONSIDERANDO que, segundo a literatura médica, não se identificou até o momento a presença de vírus nos gametas e tratos genitais masculino ou feminino;
CONSIDERANDO que, até o momento, não há evidências a respeito das repercussões do Covid-19 sobre a gestação inicial;
CONSIDERANDO a preocupação com relação às evidências científicas emergentes quanto à possibilidade de transmissão vertical – isto é, da mãe para o bebê;
CONSIDERANDO que os serviços de reprodução assistida devam seguir as recomendações governamentais, respeitando as particularidades locais;
CONSIDERANDO a observação das medidas de distanciamento social, com cuidados na preservação dos pacientes e equipes, quando da assistência;
CONSIDERANDO as condutas para mitigar a sobrecarga do sistema de saúde local;
CONSIDERANDO que o adiamento dos tratamentos de reprodução assistida abrange determinados casos extremamente sensíveis ao tempo e, portanto, inadiáveis, com risco de condenar pessoas a uma infertilidade irreversível – ou seja, esterilidade; e
CONSIDERANDO o respeito à autonomia do paciente,
RECOMENDAM que ciclos de reprodução assistida possam ser realizados sob juízo do profissional assistente, em decisão compartilhada com os usuários do serviço, de forma personalizada, fundamentados e bem documentados, com precaução e bom-senso, evitando-se transferências embrionárias neste momento.
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida – SBRA
Red Latinoamericana de Reproducción Asistida – REDLARA
Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, a infecção por clamídia é uma das principais doenças sexualmente transmissíveis (DST) e infecções perinatais em todo o mundo.
Recentemente, o Ministério da Saúde alterou a terminologia de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), uma vez que uma pessoa pode transmitir a infecção sendo assintomática.
O maior impacto da infecção por clamídia ocorre no sistema reprodutor, provocando diferentes problemas, entre eles a infertilidade. Pode afetar homens e mulheres em todas as faixas etárias, embora seja mais prevalente entre jovens.
Na maioria dos casos, é assintomática, o que dificulta o diagnóstico, ao mesmo tempo pode provocar sintomas como queimação ou dor ao urinar, e a produção de secreções genitais, comuns a homens e mulheres, por exemplo.
As pessoas infectadas, entretanto, mesmo que não apresentem sintomas, podem transmitir a doença por relação sexual desprotegida.
Geralmente os sintomas se manifestam cerca de duas semanas após a infecção e são mais intensos em mulheres.
Os sintomas dependem do tipo de infecção, mas geralmente são:
As doenças femininas, em sua maioria, são mais complexas porque o sistema reprodutor feminino é de difícil visualização. Os sintomas mais comuns são:
Ao mesmo tempo que a maioria dos casos é assintomática, os sintomas muitas vezes se manifestam de forma leve e geralmente são passageiros. Por isso, é importante consultar um especialista se algum deles for percebido ou caso o parceiro também esteja com sintomas da infecção.
É importante ressaltar que, embora seja mais comumente transmitida pelo sexo (vaginal, oral ou anal), a bactéria Chlamydia trachomatis também pode passar da mãe para o filho durante o parto. Se a inflamação não for adequadamente tratada, pode provocar o desenvolvimento de diferentes condições, como:
A infecção por clamídia aumenta ainda o risco de contrair outras ISTs, incluindo gonorreia e HIV, ou de a pessoa infectada desenvolver artrite reativa, que, além de afetar as articulações, causa inflamações nos olhos e uretra. Também pode provocar infecções oculares a partir do contato com secreções infectadas.
Alguns fatores contribuem para a infecção por clamídia, entre eles a idade (inferior a 25 anos), não usar preservativo regularmente, ser sexualmente ativo, além de histórico anterior de ISTs.
A infecção por Clamídia pode causar infertilidade por alteração mecânica do trato reprodutivo da mulher, já que pode causar doença inflamatória pélvica e, consequentemente, presença de aderências pélvicas capazes de alterar o funcionamento das trompas.
Mulheres com histórico de infecção por Clamídia devem ser alertadas para o risco de desenvolvimento de alteração nas trompas e infertilidade. Por isso, mulheres infectadas devem ser tratadas de forma rápida e eficaz.
Da mesma forma, a presença de Clamídia pode favorecer o desenvolvimento de hidrossalpinge (líquido na trompa), que inviabiliza não só a gestação espontânea, como por fertilização in vitro (FIV). Sabe-se que mulheres com hidrossalpinge apresentam taxa de implantação embrionária diminuída.
Um outro aspecto a ser ressaltado é que mulheres com histórico de infecção por Clamídia podem apresentar endometrite (inflamação do endométrio). A endometrite é causa de falha de implantação embrionária e de aborto de repetição.
Sendo assim, mulheres que apresentam tentativas repetidas frustradas de FIV devem ser submetidas a exame de histeroscopia diagnóstica com biópsia, para pesquisa de endometrite. Caso seja confirmado o diagnóstico, é imprescindível o tratamento da doença, antes de nova tentativa de transferência de embriões.
Para diagnosticar a infecção por clamídia, são coletadas amostras de urina e epiteliais, que serão analisadas para detectar a presença da bactéria.
Nas mulheres, as amostras epiteliais geralmente são obtidas no colo do útero, o que pode acontecer durante o teste Papanicolaou de rotina. Já nos homens, são coletadas da uretra ou ânus, com a utilização de um swab, uma espécie de cotonete estéril.
A triagem para clamídia é indicada quando houver sintomas urogenitais, anorretais, oculares, histórico de ISTs ou contatos sexuais com pessoas portadoras. Mulheres grávidas também devem realizar o teste durante o primeiro exame pré-natal.
A clamídia é tratada com antibióticos, que podem ser ministrados em dose única ou por ciclos de tratamento, de acordo com o caso. Embora a medicação trate e elimine a infecção, ela não repara danos permanentes causados por ela.
Se os sintomas persistirem após o tratamento, ele deverá ser repetido. Além disso, como a recorrência de infecção por clamídia é bastante comum, independentemente do sucesso dele, o teste deverá ser realizado novamente cerca de três meses depois. O risco é ainda maior nos casos em que o tratamento não foi adequado.