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ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide)

Por Dra. Rosane Rodrigues

Um dos principais avanços das técnicas de reprodução assistida (TRA), a fertilização in vitro (FIV) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) revolucionou o tratamento de pacientes com fator masculino grave de infertilidade.

Em um processo de fertilização natural, por exemplo, o espermatozoide se prende à camada externa do óvulo empurrando-a para o interior dele (citoplasma), ocorrendo a fecundação.

No entanto, por diversos fatores, entre eles alterações na morfologia e na motilidade, os gametas masculinos podem não conseguir alcançar o óvulo, ligar-se ou penetrar a camada externa.

Na FIV com ICSI, o procedimento é realizado por meio da micromanipulação dos gametas, e o espermatozoide é injetado dentro do óvulo com o auxílio de um microscópio e de uma agulha, para que ocorra a fecundação.

Em quais casos o tratamento da FIV com ICSI é indicado?

Embora seja geralmente recomendado para a infertilidade masculina, o tratamento de FIV com ICSI também é importante para aumentar o número de óvulos fertilizados, principalmente em mulheres acima de 35 anos com diminuição da reserva ovariana e nos casos em que há falhas repetidas na fertilização por FIV clássica (menos utilizada atualmente).

A ICSI também é indicada quando os óvulos utilizados tiverem sido criopreservados e descongelados, uma vez que a penetração do espermatozoide pode não ocorrer pelo procedimento tradicional.

Os casos de infertilidade masculina em que o tratamento é indicado incluem:

  • Quando há ausência de espermatozoides no líquido seminal (azoospermia);
  • Baixa quantidade de espermatozoides (oligozoospermia);
  • Problemas na motilidade do espermatozoide (astenozoospermia);
  • Alteração na forma dos espermatozoides (teratozoospermia);
  • Quando há presença de anticorpos que atuam contra espermatozoides (anticorpos antiespermatozoides);
  • Criopreservação dos gametas de pacientes com câncer após tratamento bem-sucedido;
  • Distúrbios ejaculatórios;
  • Bloqueios no aparelho reprodutor masculino que impeçam a ejaculação dos espermatozoides.

Como é realizado o tratamento da FIV com ICSI

O primeiro passo para o tratamento é uma avaliação física do casal. Tanto o homem como a mulher passam por uma avaliação detalhada para análise de qual melhor tratamento para aquele caso específico. As indicações são individualizadas.

Depois da avaliação física, são solicitados diversos exames para o casal. No caso do homem, o espermograma e o teste de fragmentação do DNA espermático são fundamentais, pois revelam a qualidade espermática e indicam a conduta para melhorar as chances de fecundação.

O espermograma é um dos exames mais importantes de análise do sêmen, pois permite avaliar aspectos microscópicos, como a quantidade de espermatozoides no sêmen, motilidade, vitalidade e morfologia, e macroscópicos, como viscosidade, liquefação, volume, cor ou pH.

Quando a qualidade seminal está comprometida, a ICSI permite a seleção de gametas masculinos mais saudáveis por meio da preparação seminal ou a coleta deles em locais como epidídimo (duto que as células espermáticas produzidas no testículo ficam armazenadas e atravessam no percurso de seu amadurecimento) ou testículos, quando não estão presentes no líquido seminal, condição conhecida como azoospermia.

Diversos métodos podem ser usados para preparação seminal. No entanto, os mais comuns são o gradiente descontínuo de densidade e a migração ascendente.

Já os procedimentos para recuperação de espermatozoides em homens azoospérmicos são mais complexos. Eles incluem as técnicas PESA e MESA (a coleta é feita dos epidídimos por punção ou por procedimento cirúrgico), indicadas nos casos em que a azoospermia é obstrutiva, ou seja, quando uma obstrução dificulta o transporte dos gametas pelo líquido seminal, ou TESE e Micro-TESE (a coleta é feita dos testículos também por punção ou por procedimento cirúrgico), quando a azoospermia é não obstrutiva, caracterizada pela ausência de produção de espermatozoides.

O percentual de recuperação de espermatozoides é bastante expressivo em todas as técnicas. Após a seleção dos melhores gametas, o processo de fertilização é realizado com a ICSI, que atravessa a camada externa do óvulo e a parte interna, transferindo o espermatozoide diretamente, aumentando ainda mais as chances de fecundação.

Os embriões formados são cultivados em laboratório por até seis dias e podem ser transferidos para o útero em dois estágios: D3 ou D5 (estágio de blastocisto).

A FIV com ICSI contribuiu para aumentar significativamente as taxas de sucesso da FIV, por isso, em nosso serviço é utilizada como procedimento padrão, independentemente de a fertilidade ser causada por fatores masculinos ou femininos.

Por outro lado, antes do tratamento, a infertilidade masculina provocada por fatores mais graves era considerada praticamente irreversível e a realização do desejo de ter filhos era possível apenas a partir da doação de sêmen.

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