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Hatching assistido

Por Dra. Rosane Rodrigues

Um dos fatores que pode influenciar a falha de implantação está relacionado à maior dificuldade de o embrião romper a zona pelúcida, camada que envolve o óvulo e é preservada pelo embrião até a implantação, quando deve se romper para que haja a fixação no endométrio. O processo é conhecido como hatching ou eclosão.

O hatching assistido (HA) é uma técnica complementar à fertilização in vitro (FIV) que facilita o processo de eclosão com o propósito de aumentar as chances de implantação do embrião, especialmente nos casos em que a zona pelúcida é mais espessa ou densa, normalmente associados à idade avançada da mulher ou má qualidade embrionária.

Quando o hatching assistido é indicado?

Embora nem todos os embriões formados precisem ser submetidos ao hatching assistido, ele é de fundamental importância para mulheres com alto risco de falhas de implantação e/ou que não obtiveram uma gravidez em pelo menos dois ciclos consecutivos no tratamento de FIV, se houver má qualidade embrionária e para mulheres com idade avançada, quando ocorre um espessamento natural da zona pelúcida.

Além disso, o procedimento é ainda indicado se a realização do teste genético pré-implantacional (PGT) for necessária. Outra técnica complementar à FIV, o PGT possibilita o rastreio de doenças genéticas ou anormalidade cromossômicas. Os resultados são mais precisos quando as células são analisadas a partir da eclosão.

Como o hatching assistido funciona?

Formada por duas camadas, uma externa mais espessa e outra interna mais fina e elástica, a zona pelúcida é uma matriz acelular composta por glicoproteínas, carboidratos e proteínas que envolve o embrião no período inicial de desenvolvimento. É de fundamental importância durante a fertilização e o desenvolvimento pré-implantacional do embrião.

Influencia, por exemplo, a ligação espermática com indução da reação acrossômica, que promove a fusão com o óvulo, e a manutenção da integridade do embrião em formação.

A eclosão natural acontece pelo declínio da zona pelúcida e não pela pressão do embrião em expansão. Quando ele atinge o estágio de blastocisto, a espessura é naturalmente reduzida em preparação para o processo, enquanto as células que irão originar a placenta interagem com as do endométrio para que ocorra a implantação.

Falhas na eclosão estão entre os fatores que limitam o sucesso da FIV, uma vez que nem sempre a transferência de embriões saudáveis resulta em gravidez.

Para auxiliar no processo, o hatching assistido baseia-se na criação de aberturas na zona pelúcida, como fendas ou buracos. O procedimento pode ser realizado a partir da utilização diferentes métodos: mecânico, químico ou laser, porém o que apresenta melhores resultados é o laser.

A eclosão assistida elevou as taxas de implantação e gravidez em mulheres com idade avançada após a transferência de embriões congelados e de mulheres com falha de implantação.

Há riscos na realização do procedimento?

O hatching assistido pode raramente provocar danos ao embrião, comprometendo a sua qualidade, assim como aumenta o risco de gestação gemelar.

Em muitos casos desejada pelos pais, a gestação gemelar proporciona maiores riscos para a mãe e feto, como pré-eclâmpsia, condição caracterizada pelo aumento da pressão durante a gravidez, diabetes gestacional, parto prematuro e bebês nascidos com baixo peso, por exemplo, uma vez que em uma gravidez múltipla são mais altos os níveis hormonais, a distribuição de nutrientes e o fluxo de sangue.

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