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FIV e inseminação artificial: entenda as diferenças

FIV e inseminação artificial: entenda as diferenças

Por Dra. Rosane Rodrigues 06/04/2021

O termo ‘inseminação artificial’ já foi incorporado ao imaginário popular como referência aos tratamentos de reprodução assistida. Ainda que tenha se tornado marcante no discurso sobre a possibilidade de engravidar quando há infertilidade, a inseminação artificial (IA) é uma das técnicas de reprodução assistida, indicada para interferências na fertilidade de menor gravidade.

Enquanto a fertilização in vitro (FIV) possibilita o tratamento se a infertilidade for causada por fatores mais graves, femininos e masculinos: é considerada, atualmente, a principal técnica de reprodução assistida.

Este post aborda a FIV e a IA, destacando o funcionamento e as indicações de cada uma. Continue a leitura e saiba mais.

O que é FIV?

A principal técnica de reprodução assistida se tornou conhecida na década de 1970, com o nascimento de Louise Brown, apelidada, naquela ocasião, como bebê de proveta, o primeiro concebido com a utilização da FIV.

Surgia como alternativa para infertilidade feminina, em especial obstruções nas tubas uterinas, uma das causas mais comuns, que motivou o desenvolvimento da técnica.

Em 1992 a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) foi incorporada à FIV, substituindo a técnica de fecundação anterior, possibilitando, assim, também o tratamento de infertilidade masculina provocada por fatores mais graves, considerados sem solução.

Atualmente, além do tratamento principal, A FIV reúne um conjunto de técnicas complementares, proporcionando desde a seleção de embriões mais saudáveis à gravidez biológica de casais homoafetivos, além da solução de diversos outros problemas, que podem levar a falhas no processo gestacional e abortamento.

O que é inseminação artificial?

A inseminação artificial (IA), conhecida ainda como inseminação intrauterina (IIU) é a mais antiga das técnicas de reprodução assistida. Foi inicialmente investigada ainda no século dezoito, com o propósito de solucionar problemas de fertilidade masculinos como dificuldades em ter ou manter a ereção (disfunção erétil) ou de ejaculação.

Como FIV e IA se diferenciam?

As técnicas de reprodução assistida são classificadas como de baixa ou alta complexidade. A IA é uma das de baixa complexidade, pois a fecundação ocorre de forma natural, nas tubas uterinas. O processo é conhecido como in vivo.

Na FIV, por outro lado, a fecundação é realizada em laboratório, in vitro. Embora seja de maior complexidade, possibilita o acompanhamento de etapas importantes do processo, incluindo a fecundação e o cultivo embrionário, por exemplo, fundamentais para o sucesso gestacional.

Em ambas, a primeira etapa é a estimulação ovariana, um procedimento que utiliza medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento de mais folículos (bolsas que armazenam os óvulos), obtendo mais óvulos para a fecundação: a cada mês, no ciclo natural, diversos folículos são recrutados, mas somente um deles desenvolve, amadure e rompe liberando o óvulo (ovulação).

Na inseminação artificial, o ciclo é minimamente estimulado para obter até três óvulos maduros, enquanto na FIV as doses hormonais são mais altas: o objetivo são cerca de 10 óvulos.

O sêmen também é coletado simultaneamente à estimulação ovariana. Posteriormente os espermatozoides mais saudáveis são capacitados por diferentes métodos de preparo seminal, que indicam os que possuem melhor motilidade e morfologia para a fecundação.

Durantes a estimulação ovariana, vários exames de ultrassonografia são realizados para acompanhar o desenvolvimento dos folículos. Na IA, eles indicam o período mais fértil para que os espermatozoides selecionados sejam inseridos em um cateter e depositados no útero.

Na FIV, quando atingem o tamanho ideal, são induzidos ao amadurecimento final e coletados por punção. O processo de ovulação ocorre em laboratório, quando são selecionados os melhores.

A FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides) é o método mais utilizado atualmente para fecundação. Prevê a análise individual de cada espermatozoide, em movimento, que após ter a saúde confirmada é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, garantindo, assim, maiores chances de a fecundação ser realizada com sucesso.

Quando a FIV e IA são indicadas?

A IA é indicada para mulheres com até 35 anos, com níveis altos de reserva ovariana e as tubas uterinas saudáveis, uma vez que a fecundação ocorre naturalmente.

Além disso, possibilita o tratamento dos fatores de infertilidade, que motivaram a investigação inicial (disfunção erétil e dificuldades para ejacular), ao mesmo tempo que é indicada quando há pequenas alterações na morfologia (forma) e motilidade (movimento) dos espermatozoides.

Tornou-se, da mesma forma, uma das principais opções para o tratamento de mulheres com disfunção na ovulação (causa mais comum de infertilidade feminina), endometriose nos estágios iniciais, alterações no muco cervical (fundamental para facilitar o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas) ou com diagnóstico de infertilidade sem causa aparente (ISCA).

O tratamento por fertilização in vitro é indicado principalmente para mulheres acima de 36 anos, com obstruções nas tubas uterinas, endometriose em estágios mais avançados, para infertilidade masculina por fatores graves, infertilidade sem causa aparente (ISCA) ou se não houver resposta a outros tratamentos.

A FIV com ICSI é ainda necessária quando os óvulos são congelados, em antecipação ao declínio natural da fertilidade (preservação social da fertilidade), ou para preservar a fertilidade de paciente oncológicos (preservação oncológica da fertilidade).

No entanto, independentemente da causa, a técnica por ser utilizada por qualquer pessoa com problemas de fertilidade.

As duas técnicas aumentam as chances de gravidez quando há problemas de fertilidade. As taxas variam de acordo com a complexidade do tratamento, indicado a partir da necessidade de cada paciente.

Na IA são semelhantes às da gestação natural: entre 20% e 25% por ciclo de tratamento. Na FIV são em média 40% por cada ciclo.

Leia o nosso conteúdo sobre a FIV e conheça detalhadamente o tratamento.

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