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FIV e gêmeos: existe relação?

FIV e gêmeos: existe relação?

Por Dra. Rosane Rodrigues 17/06/2020

A FIV (fertilização in vitro) revolucionou a medicina por possibilitar que casais com fatores graves de infertilidade pudessem engravidar. Para alguns casos, ela é a única alternativa indicada. No entanto, há alguns riscos associados a ela, como uma maior probabilidade de gestação gemelar ou múltipla.

Engravidar de gêmeos em uma única gravidez era comum em famílias optantes pela FIV. Inclusive, muitas ficavam contentes com o fato. Porém, ela apresenta um risco para a saúde da mãe e do bebê. Hoje, com a evolução da técnica, essa taxa tem diminuído.

Neste artigo, vamos mostrar se a relação entre a FIV e o nascimento de gêmeos é verdadeira. E ainda, os riscos que esse tipo de gestação pode causar. Boa leitura!

O que é a FIV?

A FIV é a técnica de reprodução assistida mais avançada atualmente. Ela é indicada para a maior parte das causas de infertilidade e possui a maior taxa de sucesso, quando comparada com os outros métodos.

Após a estimulação ovariana e a coleta dos óvulos e do sêmen do parceiro, as amostras são analisadas para que os gametas de maior qualidade sejam selecionados. A etapa seguinte é a fecundação.

Uma agulha muito fina e um microscópio são utilizados para inserir os espermatozoides individualmente dentro dos óvulos disponíveis. É utilizado um espermatozoide para cada óvulo. Os embriões formados se desenvolvem durante alguns dias. Durante esse período, eles ficam em observação pela equipe médica, antes de serem transferidos para o útero da paciente.

O que é gestação gemelar?

A gestação gemelar acontece quando o embrião se divide, dando origem a mais de um feto, ou quando dois óvulos são fecundados por espermatozoides diferentes durante o mesmo ciclo. Assim, ela é definida como a gravidez de mais de um feto.

O embrião que se dividiu gera gêmeos idênticos, chamados de univitelinos ou monozigóticos. Eles têm o mesmo material genético e o mesmo sexo. Gêmeos originados de dois óvulos diferentes são conhecidos como bivitelinos ou dizigóticos. Eles podem ou não ter o mesmo sexo.

Existem três tipos de gestação gemelar, com base no número de placentas e bolsas amnióticas presentes no útero da mãe. São elas:

1. Monocoriônica e monoamniótica

Indica a presença de uma placenta e uma bolsa amniótica, ou seja, é uma gravidez de gêmeos univitelinos.

2. Monocoriônica e diamniótica

Se diferencia da categoria anterior por ter uma placenta e duas bolsas amnióticas. No entanto, também é uma gravidez de gêmeos univitelinos.

3. Dicoriônica e diamniótica

Esse tipo de gravidez gemelar conta com duas placentas e duas bolsas amnióticas, logo uma gravidez de gêmeos bivitelinos.

Por que a reprodução assistida pode causar gestação gemelar?

Em todas as técnicas de reprodução assistida, é possível ter uma gestação gemelar. No entanto, a intensidade da etapa de estimulação ovariana muda de acordo com a complexidade do método utilizado.

Técnicas de baixa complexidade

A relação sexual programada (RSP) e a inseminação artificial (IA) são conhecidas como técnicas de baixa complexidade porque a fecundação ocorre dentro do útero. Por isso, a estimulação ovariana tem o objetivo de desenvolver, no máximo, 3 folículos durante o ciclo.

Técnicas de alta complexidade

A FIV é classificada como técnica de alta complexidade, seja a clássica, seja a com ICSI, pois a fecundação acontece em um laboratório e há micromanipulação de gametas. Dessa forma, a estimulação ovariana é mais intensa para gerar um número maior de folículos. Mais folículos significa mais óvulos e, consequentemente, mais embriões podem ser gerados. Logo, as chances de sucesso de uma gravidez aumentam.

O esperado é a coleta de 10 a 15 folículos ovarianos, em média, em um ciclo da FIV, mas não existe um limite. No entanto, esse número é diferente do número de embriões que serão transferidos para o útero da mulher.

Alguns embriões não se desenvolvem conforme o esperado e são descartados. Além disso, uma norma do Conselho Federal de Medicina (CFM) regula o número máximo de embriões que podem ser transferidos, de acordo com a idade da paciente. Sendo:

  • até 2 embriões para mulheres com 35 anos ou menos;
  • até 3 embriões para mulheres entre 36 e 39 anos e;
  • até 4 embriões para mulheres com 40 anos ou mais.

O critério refere-se à idade no momento da coleta dos óvulos. Caso eles sejam provenientes de uma doação, será considerado a idade da doadora no momento da coleta dos gametas. A norma do CFM visa diminuir os casos de gravidez gemelar, porém sem afetar a taxa de sucesso da FIV.

Quais são os riscos de gestação gemelar?

A gestação gemelar é um risco para a mãe e para os bebês, sendo resultado de uma técnica de reprodução assistida ou não. Os principais riscos são:

  • parto prematuro;
  • pré-eclâmpsia;
  • hipertensão e diabetes gestacional;
  • anemia;
  • crescimento fetal reduzido.

Durante toda a gestação a mulher deve ter um acompanhamento médico mais cuidadoso. Os desconfortos comuns durante a gravidez tendem a ser maiores nos casos de gestação de gêmeos.

A relação entre FIV e gêmeos existe porque mais de um embrião pode ser transferido para o útero da paciente durante a técnica de reprodução assistida. A implantação de um ou dois embriões podem gerar gêmeos univitelinos ou bivitelinos, respectivamente. A gestação gemelar deve ser acompanhada de perto por um médico.

Gêmeos trazem alegria em dobro para a família. Para casais que optaram pela FIV, essa é uma possibilidade que pode acontecer. Saiba mais sobre a técnica de reprodução assistida e como ela é realizada neste link!

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