Dra. Rosane Rodrigues | Especialista em Reprodução Humana SP | WhatsApp
Endometriose: quais são os principais sintomas?

Endometriose: quais são os principais sintomas?

Por Dra. Rosane Rodrigues 12/11/2019

A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil em todo o mundo. De difícil diagnóstico, é uma doença complexa e que se manifesta de diferentes formas. Muitas vezes, os sintomas não recebem a atenção necessária, prejudicando a qualidade de vida da mulher por vários anos.

A infertilidade é um possível sintoma da endometriose. Há mulheres que só descobrem a doença quando investigam a sua dificuldade de engravidar. Por isso, reconhecer os sintomas da doença é muito importante para que ela seja identificada precocemente.

O que é endometriose?

No final do ciclo menstrual, quando não há fecundação, o endométrio — mucosa que reveste a parte interna do útero — descama, dando início à menstruação. A endometriose é uma doença crônica e inflamatória caracterizada pela presença de um tecido similar ao endométrio fora do útero.

Os locais mais comuns em que ela se manifesta são ovários, tubas uterinas (também conhecidas como trompas de Falópio ou apenas trompas), vagina e exterior do útero. No entanto, também pode ser encontrada na bexiga, intestino, abdômen, entre outros lugares.

Uma das suas causas mais aceitas é a “menstruação retrógrada”, em que o fluxo faz o caminho inverso e segue para as tubas uterinas e órgãos próximos. Outras teorias consideram que a doença surge devido a uma falha no sistema imunológico ou que células localizadas fora do útero se transformam e ganham características semelhantes às do endométrio. Além disso, fatores hereditários também devem ser considerados.

Como ela é classificada?

A endometriose não é fácil de ser diagnosticada. No entanto, há alguns sintomas que servem de alerta para que a mulher procure ajuda médica. São elas: cólicas menstruais intensas, dores durante a relação sexual e infertilidade. Porém, apenas após uma avaliação médica e exames é possível confirmar a presença da doença e suas características.

De acordo com os seus aspectos morfológicos, ela é classificada em 3 tipos: endometriose superficial peritoneal, ovariana (endometriomas) e infiltrativa profunda. Essa diferenciação é importante para identificar o avanço da doença, os seus efeitos na saúde e na fertilidade da mulher e qual é o tratamento mais indicado.

Na maioria dos casos, principalmente nas formas mais graves da doença, há a presença de diferentes focos da endometriose, que podem estar em níveis diferentes de desenvolvimento.

Endometriose superficial peritoneal

A principal característica da endometriose superficial peritoneal é a presença de tecido endometriótico no peritônio — membrana que reveste a região abdominal e as vísceras — de forma rasa.

Ela é associada ao início da doença. Por não infiltrar nenhum órgão, ela é considerada a menos agressiva. No entanto, ela pode causar dores intensas e infertilidade, principalmente por causar alterações na morfologia e função das trompas.

Principais sintomas

  • Cólicas;
  • Menstruação irregular;
  • Infertilidade.

Endometriose ovariana (endometriomas)

A endometriose ovariana atinge o ovário na forma de um cisto de coloração marrom escura, que recebe o nome de endometrioma ovariano. As dimensões dos cistos são variadas e eles podem prejudicar a vascularização do ovário e o processo de ovulação, afetando as chances de gravidez.

Ela pode ocorrer em um ovário ou nos dois simultaneamente. Nesse último cenário, a infertilidade se torna um risco maior. Existem casos em que a mulher não apresenta nenhum sintoma e o diagnóstico ocorre após um exame ginecológico de rotina.

Principais sintomas

 

  • Cólicas menstruais;
  • Dores durante a relação sexual;
  • Dores abdominais intensas, caso os endometriomas se rompam;
  • Infertilidade.

Endometriose infiltrativa profunda

A endometriose infiltrativa profunda atinge de forma mais agressiva a saúde e a qualidade de vida da mulher. Ela também atinge o peritônio (tecido que reveste a cavidade abdominal), no entanto, forma nódulos no interior do tecido com mais de 0,5 cm de profundidade. A doença pode atingir a bexiga, ureter, ligamentos uterinos, nervos pélvicos, musculatura do assoalho pélvico e intestino.

Principais sintomas

  • Dor profunda durante a relação sexual;
  • Cólicas intensas;
  • Inchaço abdominal permanente;
  • Dor na região do intestino;
  • Dificuldade na evacuação;
  • Infertilidade;
  • Dor em membros inferiores;
  • Sintomas urinários.

Qual é a relação entre endometriose e infertilidade?

A endometriose é uma das principais causas de infertilidade e muitas mulheres descobrem a doença apenas quando tentam engravidar e não conseguem. Por isso, conhecer os sintomas para que ela não seja diagnostica tardiamente é muito importante para não diminuir as chances de uma gravidez.

Vale ressaltar que é possível engravidar de forma natural mesmo com endometriose. Porém, após 1 ano de tentativas sem sucesso, o casal, dependendo de cada caso, pode optar por cirurgia ou por uma técnica de reprodução assistida. Em alguns casos, ambos os procedimentos são necessários.

A videolaparoscopia é uma cirurgia que retira os focos da doença da cavidade abdominal e dos órgãos reprodutivos. No entanto, se a endometriose estiver em um estágio avançado, ela pode não resolver o problema.

A técnica de reprodução assistida mais recomendada é a FIV (fertilização in vitro). Quando falamos sobre endometriose e fertilidade, cada caso é único, por isso é essencial que a mulher procure um médico especializado para realizar o desejo de ser mãe.

A relação sexual programada (RSP) é uma outra técnica de reprodução assistida de menor complexidade e indicada quando há um distúrbio na ovulação da mulher. Saiba mais sobre como ela é realizada e a sua taxa de sucesso.

0 0 votes
Article Rating
Deixe o seu comentário:
Se inscrever
Notificação de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Posts Anteriores:
Histerossalpingografia: o que é?

As tubas uterinas são duas estruturas tubulares bilaterais que conectam o útero aos ovários e […]

Continue lendo
Laqueadura: é possível reverter?

As tubas uterinas fazem parte do sistema reprodutor feminino. São dois tubos com aproximadamente 10 […]

Continue lendo
O que é ultrassonografia?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 15% da população mundial se […]

Continue lendo
Endometriomas: saiba mais sobre a doença

A fertilidade feminina depende do bom funcionamento de todo o sistema reprodutivo e endócrino, mas […]

Continue lendo
Histeroscopia cirúrgica: o que é?

O sistema reprodutivo feminino é composto por órgãos localizados na cavidade pélvica, e suas funções […]

Continue lendo
O que é coito programado?

O coito programado, também conhecido como relação sexual programada (RSP), é uma técnica de reprodução […]

Continue lendo
Vasectomia: é possível reverter?

Muitas dúvidas surgem quando um casal decide por um método não reversível de contracepção. As […]

Continue lendo
Doação de embriões: o que é e qual a importância da técnica?

Para que a gravidez ocorra em um processo natural, todos os meses os ovários liberam […]

Continue lendo
Reprodução assistida: como uma pessoa solteira pode ter filhos?

No Brasil, desde 2013 as técnicas de reprodução assistida são extensivas a pessoas solteiras que […]

Continue lendo
Ver todos os posts