A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, que na maioria dos casos afeta as mulheres durante a fase reprodutiva, podendo resultar em infertilidade. Além disso, por sua complexidade, geralmente demora vários anos para ser diagnosticada, o que dificulta o tratamento e interfere no processo reprodutivo.
Essas características a tornaram estigmatizada e cercada por diversos mitos. Entre os exemplos está o de que há facilidade em identificá-la, o que nem sempre acontece.
Boa parte das mulheres é assintomática, enquanto outras podem manifestar sintomas como cólicas severas, dor durante a relação sexual, inchaço e dor pélvica, que comprometem a qualidade de vida. Entretanto, eles também são comuns a outras patologias femininas, o que contribui para o atraso diagnóstico.
Outro mito frequentemente relatado nos consultórios médicos é o de que mulheres com endometriose não podem ter filhos. Ainda que a doença seja crônica, tem tratamento na maioria dos casos: o controle dos sintomas, a remoção do tecido ectópico e tratamentos de reprodução assistida aumentam as chances de sucesso gestacional.
Continue a leitura e saiba como engravidar com endometriose.
Na endometriose, um tecido semelhante ao endométrio (que reveste a cavidade uterina) cresce em locais ectópicos como os ovários, as tubas uterinas e os ligamentos que sustentam o útero. Nessas regiões interfere no processo de fecundação e causa dificuldades para o desenvolvimento da gravidez.
Porém, também tende a invadir outros locais, incluindo a vagina, o intestino, paredes da bexiga e ureteres.
A endometriose pode interferir na fertilidade desde os estágios iniciais aos mais avançados. No início de desenvolvimento da doença, por exemplo, o tecido anormal secreta substância pró-inflamatórias, as citocinas, que afetam o desenvolvimento dos folículos resultando em falhas na ovulação, ou a qualidade dos óvulos.
Há ainda o risco de o processo inflamatório comprometer a receptividade do endométrio, que abriga e nutre o embrião até a formação da placenta. Nesse caso, resulta em falhas na implantação e abortamento.
Os sintomas, por outro lado, manifestam de acordo com o local de crescimento do tecido anormal. Critério também importante para classificar a endometriose.
Além do local de crescimento, a quantidade e profundidade do tecido ectópico e o grau de comprometimento dos órgãos, também são critérios importantes para a classificação da endometriose.
A doença é classificada de acordo com o estágio de desenvolvimento em quatro tipos: mínima, estágio I, leve II, moderada III e grave IV. E morfologicamente em três subtipos: peritoneal superficial, ovariana e infiltrativa profunda.
Na peritoneal superficial (estágios I e II), as lesões são pequenas, superficiais, rasas e planas e estão localizadas apenas no peritônio, membrana que recobre a parede abdominal. Já na ovariana (estágio III), a principal característica é a presença de um tipo de cisto com líquido achocolatado, chamado endometrioma.
Na infiltrativa profunda (estágio IV) o tecido já invadiu a região retrocervical (atrás do colo uterino), o septo retovaginal (entre reto e vagina), a vagina, o intestino, as paredes da bexiga e ureteres.
Nos estágios mais avançados, a inflamação pode levar à formação de aderências, inibindo a liberação de óvulos pelos ovários ou causando bloqueios nas tubas uterinas, impedindo a fecundação ou o transporte dos espermatozoides, além de provocarem distorção na anatomia pélvica, dificultando o desenvolvimento da gravidez. Enquanto os endometriomas podem interferir no processo de ovulação.
Quando o tecido cresce no trato urinário, provoca alterações no hábito como vontade frequente e urgente de urinar, ou dificuldade acompanhada de dor e presença de sangue na urina.
Já no intestinal, constipação, sangramento nas fezes, dor ou dificuldade em evacuar e dor anal, estão entre os sintomas, que tendem a ocorrer de forma cíclica durante o período menstrual.
Após o diagnóstico de endometriose a mulher que está tentando engravidar é submetida à cirurgia para a remoção do tecido endometrial anormal, ao mesmo tempo indicada quando há a manifestação de sintomas mais severos, que comprometem a qualidade de vida.
O procedimento é realizado por técnicas minimamente invasivas e as taxas de gravidez natural bem-sucedida são bem significativas depois que o tecido é removido. Se a gravidez não ocorrer, a indicação passa ser o tratamento com a utilização das técnicas de reprodução assistida. As três principais – relação sexual programada (RSP), inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV – aumentam as chances de mulheres com endometriose.
A RSP e a IA são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação ocorre naturalmente nas tubas uterinas. Por isso, são mais indicadas para mulheres com até 35 anos, que tenham endometriose nos estágios iniciais e as tubas uterinas sem nenhum tipo de problema.
O objetivo da RSP é programar o melhor período para intensificar a relação sexual, apontado por exames de ultrassonografia. Assim, os espermatozoides do parceiro devem ser saudáveis.
Já na IA os melhores espermatozoides são secionados por técnicas de preparo seminal e podem ter pequenas alterações na forma e no movimento. Durante o período fértil são depositados diretamente no útero.
De maior complexidade, a FIV possibilita maiores chances quando o tecido endometrial provocou a formação de aderências em estágios mais avançados, resultando em obstruções. Ou se houver presença de endometriomas, uma vez que a fecundação é realizada em laboratório.
Óvulos são selecionados e os espermatozoides igualmente capacitados por técnicas de preparo seminal. Como é possível acompanhar todo o procedimento, podem ter maiores defeitos na forma e movimento, da mesma forma que as tubas uterinas não são importantes, pois depois de o óvulo ser fecundado, os embriões são depositados no útero.
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