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Endometriomas: saiba mais sobre a doença

Endometriomas: saiba mais sobre a doença

Por Juliana Carvalho 09/05/2022

A fertilidade feminina depende do bom funcionamento de todo o sistema reprodutivo e endócrino, mas o papel dos ovários é especialmente importante para a reprodução. Isso porque as principais funções ovarianas são a ovulação, que libera os gametas (o óvulo) para a fecundação, o armazenamento da reserva ovariana e a produção de hormônios.

Quando o desenvolvimento dos ovários termina, durante o desenvolvimento intrauterino, em seu interior estão contidos todos os folículos disponíveis para a mulher ao longo de toda a sua vida.

A reserva ovariana é a quantidade de células reprodutivas que a mulher ainda tem nos ovários. Ao longo da vida fértil da mulher, a reserva ovariana vai sendo consumida a cada ciclo menstrual.

O funcionamento dos ovários é mediado pela ação das gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), produzidas pela hipófise, sob ação do hipotálamo.

A partir da puberdade, o eixo hipotálamo-hipófise passa a criar picos na secreção de LH e FSH, que atuam nos ovários estimulando a produção de estrogênios e dando início à ovulação e aos ciclos férteis da mulher.

A reserva ovariana diminui naturalmente a cada ciclo menstrual, porém qualquer alteração na dinâmica dos hormônios sexuais pode afetar os processos envolvidos na ovulação e, consequentemente, a reserva ovariana, como é o caso de alguns tipos de endometriose.

A endometriose é uma doença que pode afetar diversos órgãos, porém, quando acomete os ovários, a formação dos endometriomas (cistos que se formam nos ovários em decorrência da endometriose) interfere no amadurecimento dos folículos ovarianos e pode levar a quadros de infertilidade por anovulação.

Quer saber mais sobre os endometriomas? Continue a leitura!

O que são endometriomas?

A endometriose é uma doença estrogênio-dependente, em que se observa o crescimento de tecido endometrial fora da cavidade uterina (ectópico), que é seu local de origem. Os locais mais comuns são as tubas uterinas, ovários, bexiga e intestino.

Quando a doença acomete os ovários, formam-se cistos com conteúdo de aparência achocolatada, que são chamados endometriomas.

O tecido dos endometriomas é composto por células que respondem à ação hormonal estrogênica do ciclo reprodutivo tanto quanto o endométrio original, criando uma inflamação local, que causa dor, inchaço e prejudica o funcionamento do órgão, incluindo a reserva ovariana.

O crescimento dos endometriomas é progressivo, e depois de um tempo os cistos podem passar a exercer pressão no interior dos ovários, podendo paralisar o processo de amadurecimento dos gametas e a ovulação.

Assim, os endometriomas são um tipo de endometriose que pode levar a diversas consequências, como infertilidade.

Como a fertilidade pode ser afetada pelos endometriomas?

Tanto a endometriose quanto os endometriomas podem afetar a fertilidade feminina, o que os diferencia é a forma como isso ocorre.

Quando a endometriose afeta os ovários formando-se os endometriomas, a infertilidade é causada principalmente por anovulação.

Além disso, o processo inflamatório local e a pressão interna exercida pelos endometriomas afetam a reserva ovariana porque lesam quimicamente os folículos, impedindo seu amadurecimento e liberação dos óvulos.

Esse quadro pode vir ou não acompanhado de dor e outros sintomas.

Quais os principais sintomas dos endometriomas?

Os principais sintomas que a mulher com endometriomas apresenta são infertilidade, alterações no ciclo menstrual e, nos casos mais severos, diversos tipos de dor pélvica, crônicas ou agudas.

A dor pélvica pode se manifestar como dismenorreia (menstruação dolorosa, cólicas menstruais intensas) e dor pélvica crônica (DPC), relacionada ou não com o período menstrual.

Algumas mulheres podem apresentar dispareunia, que é a dor durante as relações sexuais.

A dor pélvica, porém, é um sintoma que deriva do quadro geral de endometriose e afeta as mulheres com endometriomas somente em alguns casos.

Para essas mulheres, os sintomas mais recorrentes são as alterações menstruais e a infertilidade, que estão relacionados.

Como é feito o tratamento?

Ainda que o tratamento medicamentoso possa ser feito por meio da administração de hormônios que desestimulem o crescimento das lesões da doença e dos endometriomas, a retirada cirúrgica desses implantes é a terapêutica mais bem-sucedida, embora deva ser feita por profissional experiente para minimizar o comprometimento da reserva ovariana.

Os endometriomas são diagnosticados pelo ultrassom transvaginal, que pode ser feito com especialização para endometriose.

A videolaparoscopia é a primeira abordagem para o tratamento dos endometriomas e da endometriose como um todo. Essa dinâmica é conhecida como “see and treat”. O diagnóstico e o tratamento podem ser feitos ao mesmo tempo, aumentando as chances de cura por diminuir o tempo entre os procedimentos.

Normalmente, essa terapêutica consegue cessar os sintomas dolorosos e regular o ciclo menstrual, porém a infertilidade decorrente dos endometriomas pode persistir.

No entanto, como há um grande risco de comprometimento da reserva ovariana, hoje recomenda-se à paciente que faça a preservação da fertilidade, que é o congelamento dos óvulos, assim ela pode ter filhos com a reprodução assistida mesmo que a cirurgia prejudique a fertilidade.

Por ser a endometriose uma doença estrogênio-dependente, a gestação em si é também um fator que ajuda na involução dos próprios focos endometrióticos, já que a gravidez diminui naturalmente a disponibilidade de estrogênios, os hormônios que mantêm a doença.

Como a reprodução assistida pode ajudar as mulheres com endometriomas?

As mulheres com endometriomas podem recorrer também ao auxílio das técnicas de reprodução assistida para engravidar, passando ou não pelo tratamento cirúrgico, dependendo do caso.

A principal técnica de reprodução assistida é a FIV (fertilização in vitro), que oferece a possibilidade de realização de diversas técnicas complementares para aumentar as chances de sucesso em casos específicos.

Se a mulher quiser engravidar, mas os danos à reserva ovariana forem irreversíveis, ela pode optar pela doação de óvulos, por exemplo. A FIV também melhora as chances de gravidez em praticamente todos os casos de infertilidade.

Toque no link e leia mais sobre endometriose.

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