Doação de sêmen: quando solicitar?

A infertilidade masculina afeta cerca de 10% dos casais em idade reprodutiva ao redor do mundo. Em alguns casos, ela é passível de tratamento. Em outros casos, casais que desejam engravidar podem ter que recorrer à doação de sêmen para engravidar.

Define-se a infertilidade como a incapacidade de conseguir a gravidez em um período de um ano. O casal deve ser sexualmente ativo e não utilizar métodos contraceptivos.

Esse fenômeno universal atinge casais ao redor do mundo, sendo fonte de frustração para aqueles que desejam ter um filho. Caso a gravidez não ocorra, é importante procurar ajuda a fim de investigar as possíveis causas da ausência da gravidez e, então, prosseguir para o tratamento indicado.

Diversos fatores podem causar a infertilidade masculina, como hormonais, infecções, doenças e outras condições, como a azoospermia, caracterizada pela ausência de espermatozoides no sêmen e que ocorre como consequência de uma enfermidade ou condição anatômica.

Além disso, maus hábitos alimentares e o consumo excessivo de tabaco e álcool também podem ter influência na fertilidade. Em casos nos quais esse quadro se torna irreversível, pode-se solicitar a doação de sêmen.

O que é a doação de sêmen?

A doação de sêmen é uma técnica relativamente antiga que é realizada principalmente no contexto da FIV (fertilização in vitro). Ela também pode ser realizada na inseminação artificial, embora seja mais raro.

Nela, um homem saudável doa sêmen, fluído no qual estão contidos os espermatozoides, para casais cujo diagnóstico da infertilidade se dá devido a fatores masculinos considerados graves.

Muitos bancos de sêmen estão disponíveis no Brasil e internacionalmente, oferecendo esse serviço como forma de auxiliar casais que tenham o desejo de engravidar.

No Brasil, essa doação é feita em caráter voluntário, o que significa dizer que não há remuneração envolvida no processo de doação de sêmen. Ela também deve ser feita de forma anônima, de modo que o doador e o receptor não conheçam a identidade um do outro.

O homem que deseja doar sêmen deve passar por uma série de exames que visam avaliar sua saúde. A doação em território brasileiro deve ser feita em bancos de esperma ou em clínicas de reprodução assistida.

Cada país tem regras específicas relacionadas à doação de sêmen. O banco de esperma escolhido deve ser reconhecido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e os doadores não podem ser portadores de infecções sexualmente transmissíveis ou doenças genéticas.

Como é feita a doação de sêmen?

Os exames que visam determinar a qualidade do esperma podem durar cerca de seis meses. Uma vez aprovado, o sêmen doado é colhido por meio da masturbação.

Após a coleta, ele é manipulado em laboratório a fim de separar os espermatozoides do líquido seminal e de outras impurezas que dificultam a fecundação.

A amostra é analisada de modo a controlar o risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis e doenças genéticas.

Esses gametas são, então, armazenados em nitrogênio líquido, podendo permanecer ali por tempo indeterminado.

As informações fenotípicas do doador são disponibilizadas para o receptor, assim pode ser escolhido o sêmen que for mais adequado do ponto de vista fenotípico.

É recomendável que o doador permaneça de três a sete dias em abstinência antes de fazer a doação.

Recepção de sêmen

Após fazer os exames que visam diagnosticar as causas da infertilidade, o médico pode sugerir a doação de sêmen. Essa sugestão é acompanhada de esclarecimentos que visam tranquilizar a família em relação aos seus direitos, o processo de recepção e os procedimentos.

O sêmen doado pode ser utilizado durante a inseminação artificial, caso mais raro, ou no procedimento de FIV.

Os espermatozoides doados são então utilizados na ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), método de fecundação da FIV.

Quando ela pode ser indicada?

A doação de sêmen é indicada em casos de infertilidade masculina por fatores graves, sendo uma etapa complementar das técnicas de reprodução assistida, mais especificamente a inseminação artificial e, mais comumente, a FIV. Isso significa que nem sempre ela é necessária.

Após a escolha do doador, a mulher passa por uma avaliação básica de sua fertilidade que visa analisar suas chances de fecundação.

Ela pode ser indicada, por exemplo, como forma de tratar casos de azoospermia, que é a ausência de espermatozoides no sêmen, ou oligozoospermia, que é a baixa quantidade de espermatozoides no sêmen.

A doação de sêmen também pode ser importante em casos nos quais o homem seja diagnosticado com uma infecção sexualmente transmissível (IST) cujo vírus não possa ser eliminado ou em casos de doenças genéticas.

Mulheres solteiras e casais homoafetivos femininos também podem se beneficiar dessa técnica.

Taxas de sucesso

As taxas de sucesso da fecundação por meio da doação de sêmen são altas devido ao preparo seminal.

No entanto, também é necessário levar em consideração fatores como a idade da mulher e a qualidade dos óvulos a serem fecundados. Mulheres acima dos 35 anos têm baixa reserva ovariana, e a qualidade dos óvulos é menor.

Das duas técnicas de reprodução assistida que podem utilizar a doação de sêmen, a FIV é a mais indicada, devido às suas altas taxas de sucesso.

A doação de sêmen é uma solução para casos de infertilidade masculina devido a parâmetros seminais muito ruins, podendo também ser realizada em casos nos quais o homem não deseja se submeter a técnicas cirúrgicas de coleta de espermatozoides nos testículos ou epidídimos.

Saiba mais sobre o processo de doação de sêmen.