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Casais homoafetivos femininos podem ter filhos: conheça como e as técnicas!

Casais homoafetivos femininos podem ter filhos: conheça como e as técnicas!

Por Dra. Rosane Rodrigues 26/01/2021

Muitos casais homoafetivos femininos sonham em ter filhos biológicos. Se antes a concepção natural era a única maneira de ter filhos, hoje as técnicas de reprodução assistida permitem que tanto casais masculinos como femininos possam realizar esse sonho.

A Resolução nº 2168 do CFM estabelece que casais homoafetivos femininos (e masculinos) podem contar com técnicas de reprodução assistida mesmo que não sofram com infertilidade. Ela cita como base a decisão de 2011 do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconhece e qualifica a união estável homoafetiva como entidade familiar.

Saiba mais sobre isso acompanhando nosso texto!

Como casais homoafetivos femininos podem ter filhos?

Existem duas técnicas de reprodução assistida que podem ser indicadas para casais homoafetivos femininos: a fertilização in vitro (FIV) e a inseminação artificial (IA). Cada técnica é indicada em situações específicas, por isso a individualização do tratamento é fundamental. Já para casais homoafetivos masculinos, apenas a FIV é uma possibilidade.

Entenda mais sobre a FIV e a IA.

Fertilização in vitro

A FIV é uma técnica de alta complexidade. Permite que casais com problemas de infertilidade ou casais homoafetivos, assim como pessoas solteiras, possam ter filhos, inclusive nos casos de laqueadura sem possibilidade de reversão. Além disso, é segura e oferece as melhores taxas de sucesso.

Nesse procedimento, a fecundação do óvulo pelo espermatozoide é feita em laboratório, fora do corpo da mulher. Os embriões formados são cultivados em laboratório por alguns dias e depois transferidos para o útero.

Quando as duas mulheres têm alterações uterinas e contraindicação para a gravidez, o que é muito raro, a FIV pode ser ainda realizada com a técnica de útero de substituição. Essa técnica, por outro lado, é obrigatória para casais masculinos.

Como acontece a FIV para casas homoafetivos femininos?

Nesse caso, a FIV pode ser feita com gestação compartilhada, em que os óvulos de uma das mulheres são coletados, fecundados com o sêmen de um doador anônimo e transferidos para o útero da parceira. Isso é feito após um processo de estimulação ovariana.

A gestação compartilhada é comum porque ambas as parceiras participam do processo de ter o filho, uma com o material biológico e a outra com a gestação.

A fecundação na fertilização in vitro, atualmente, é feita por injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), em que os espermatozoides são injetados, um a um, nos óvulos, mediante uma agulha fina e com o auxílio de um microscópio.

Normalmente, o tratamento começa no segundo dia de ovulação e em 5 etapas:

  • Estimulação ovariana: durante 12 dias, a mulher faz uso de injeções do hormônio folículo-estimulante (FSH) para que os ovários estimulem o crescimento de um número maior de folículos, já que, no ciclo menstrual, apenas um folículo costuma se desenvolver e não seria suficiente para a FIV. Após esse período, aplica-se uma dose de hCG para estimular a ovulação, que acontece cerca de 35h depois. O processo de crescimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografia;
  • Coleta de gametas – óvulos e espermatozoides: quando os folículos atingem o tamanho adequado, a mulher passa pela aspiração folicular, em que o líquido folicular é retirado de cada folículo desenvolvido presente nos ovários. Esse líquido é, então, enviado ao laboratório para separação dos óvulos possíveis. Nesse mesmo dia, os espermatozoides doados são preparados para a fecundação;
  • Fecundação: é a etapa em que óvulos e espermatozoides são fecundados para a formação dos embriões – quanto maior a qualidade dos gametas, melhores serão os embriões, assim como as chances de sucesso;
  • Cultivo embrionário: os embriões são analisados em laboratório por alguns dias antes da transferência para o útero;
  • Transferência embrionária: é o momento em que de 1 a 4 embriões são transferidos para o útero. Essa quantidade varia de acordo com a idade da mulher e de outras condições. Analisamos cada caso individualmente.

Somente a FIV permite a gestação compartilhada. Uma das mulheres cede os óvulos para fecundação e a outra passa pela gestação.

Inseminação artificial

Também chamada de inseminação intrauterina (IIU), a inseminação artificial (IA) é um método de baixa complexidade, portanto mais simples que a FIV. Os espermatozoides previamente selecionados são inseridos diretamente no útero após a estimulação ovariana.

A diferença da estimulação ovariana na FIV e na IA é o protocolo de estimulação. Na FIV, a intenção é estimular a produção de um número elevado de gametas porque não é nesse momento que há risco de gestação gemelar. Já na IA, uma estimulação ovariana intensa aumenta diretamente as chances de gestação de mais de um filho, o que deve sempre ser evitado devido ao risco.

Na IA não é possível fazer a gestação compartilhada, uma vez que não há a retirada dos óvulos do corpo da mulher.

Como acontece a IA para casas homoafetivos femininos?

Da mesma forma que ocorre na FIV, a paciente recebe injeções hormonais para estimular o crescimento dos folículos e a ovulação, embora seja feita com menor intensidade. Todo o processo é feito no corpo da mulher.

Em vez da punção ovariana, na IA são depositados na cavidade uterina espermatozoides previamente selecionados de um doador. Esse material será escolhido em um banco de esperma ou na própria clínica de reprodução assistida.

A indicação da inseminação artificial depende da idade da mulher e das condições das tubas uterinas e útero. Dependendo do caso, só será possível realizar a FIV.

Entendeu como são feitas as técnicas de reprodução assistida com casais homoafetivos femininos? Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto, incluindo com casais masculinos.

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