Uma vez que o óvulo é fecundado por um espermatozoide, é formada a chamada célula ovo ou zigoto, que começará a se dividir, originando embrião. Ao mesmo tempo em que multiplica suas células, o embrião se move da trompa de Falópio ou tuba uterina, onde ocorreu a fecundação, até o útero, no qual deve se fixar, se implantar.
Ao longo desse processo, o embrião passa por algumas fases. A primeira delas é a clivagem, na qual o zigoto se divide em duas células. Esse processo, ainda na trompa de Falópio, se repete até que o embrião se torne uma esfera, chamada de mórula.
Quando o embrião chega ao útero, ele começa a receber fluidos e, o que era um aglomerado de células começa a apresentar espaços com líquido. Por volta do 5º dia após a fecundação, começa a fase de blastocisto. Nesta etapa, o embrião cria estruturas distintas, que darão origem à placenta e ao embrião em si.
É na forma de blastocisto que o embrião se fixa no útero, em um processo chamado de implantação.
Neste artigo vamos abordar as estratégias adotadas durante a FIV (fertilização in vitro) e as vantagens e desvantagens da transferência dos embriões em blastocisto ou D3. Boa leitura!
FIV é uma técnica de reprodução assistida em que a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, e consequente formação do embrião, é realizada em laboratório. Num primeiro momento, a mulher passa por um tratamento de estimulação ovariana, no qual ela toma hormônios para produzir uma quantidade maior de óvulos naquele ciclo menstrual.
Durante esse tratamento, o médico acompanha o crescimento dos folículos ovarianos por meio de exames de ultrassom e, no momento adequado, é realizada a punção, procedimento no qual os óvulos são aspirados por meio de uma agulha extremamente fina.
No mesmo dia, o parceiro faz a coleta do sêmen, por meio da masturbação, para que os gametas femininos e masculinos possam ser utilizados na fertilização, realizada em laboratório.
Após a fertilização, os embriões gerados passam por um processo de cultivo embrionário, também em laboratório. Depois de três a cinco dias, esses embriões podem ser transferidos para o útero da mulher ou congelados para uso futuro.
Durante a fase de cultivo embrionário, os embriões são mantidos em um ambiente altamente controlado, em laboratório, com condições específicas de pH, temperatura, pureza do ar e mistura de gases, que visam favorecer o seu desenvolvimento. Essa etapa pode levar de três a cinco dias, para que os embriões atinjam o estágio de blastocisto ou D3, de acordo com a estratégia médica definida.
Quando o cultivo embrionário vai até o terceiro dia (ou D3), o embrião está em fase de clivagem, ou seja, suas células estão se dividindo e ele ainda é uma massa única de células. Se os embriões forem cultivados em laboratório até o quinto dia, ele já é considerado um blastocisto e está na fase de desenvolvimento embrionário na qual ocorre a implantação no útero.
A fase da FIV que segue o cultivo é a transferência embrionária, quando os embriões são colocados no útero da mulher. Isso é feito por meio de um procedimento simples, com o auxílio de um cateter para introduzir os embriões pelo canal vaginal. No momento da transferência, os embriões podem estar em estágio de blastocisto ou D3.
Se houver embriões sobressalentes, que não serão transferidos naquele momento, eles podem ser criopreservados (congelados) para serem utilizados em outro momento ou disponibilizados para doação.
Existem evidências de que a transferência de embriões em blastocisto tenha maiores taxas de sucesso. No entanto, a decisão de transferir os embriões em blastocisto ou D3 depende de alguns fatores. Entenda abaixo as vantagens e desvantagens de cada uma dessas estratégias:
Embriões em D3
No terceiro dia de desenvolvimento, o embrião é uma massa única de células. Em uma gravidez natural, nesse estágio ele está ainda se deslocando para o útero. A transferência em D3 costuma ser mais indicada quando a FIV resultou em poucos embriões, ou em embriões de baixa qualidade.
Isso porque é possível que alguns embriões não sobrevivam a dois dias a mais no cultivo em laboratório. Por mais que a técnica da FIV possibilite criar condições adequadas para o desenvolvimento dos embriões, nenhum outro ambiente é mais propício para esse crescimento do que o próprio organismo da mulher.
Os embriões em blastocisto estão no estágio ideal para implantação, pois é nesse momento que eles se fixam no útero em uma gravidez natural. Dessa forma, haveria uma sincronia maior entre o endométrio e o embrião no momento da transferência.
Além disso, apesar de, como explicado acima, haver a possibilidade de perda em alguns casos, aguardar que os embriões se desenvolvam até a fase de blastocisto permitiria ter em mãos apenas os embriões de maior qualidade, aumentando as chances de implantação.
Essa estratégia pode ser indicada, por exemplo, para casais que já tiveram insucessos anteriores com a transferência em D3 e quando há um número grande de embriões após a FIV.
Ainda, com o advento de incubadoras que utilizam a tecnologia de time-lapse, imagens em alta definição e a monitorização contínua do desenvolvimento embrionário permitiram uma adequada avaliação da morfologia dos embriões, sem que seja necessária a retirada deles de dentro da incubadora, até o dia da transferência embrionária. Dessa forma, um maior controle de temperatura e estabilidade de gases permite uma melhor taxa de formação de blastocistos.
Dessa forma, a decisão sobre fazer a transferência em blastocisto ou D3 depende de uma série de fatores e deve ser analisada caso a caso. Se você quer saber mais sobre cultivo e transferência de embriões, bem como os demais processos envolvidos em uma FIV, toque aqui.
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