Para que a gravidez ocorra, a cada mês os ovários liberam um óvulo, capturado pelas tubas uterinas onde poderá ser fecundado pelo espermatozoide.
Quando a fecundação acontece, o óvulo fecundado forma o zigoto, que representa o primeiro estágio no desenvolvimento de um organismo geneticamente único: contém os cromossomos (genes) dos pais e todos os fatores essenciais para o desenvolvimento, mas eles existem apenas como um conjunto codificado de instruções localizadas nesses genes.
O estágio do zigoto é breve e é seguido pela clivagem do embrião, que ocorre entre o segundo e terceiro dia, quando o zigoto se subdivide em células menores, por um processo conhecido como mitose. Essas células, chamadas blastômeros, são unidades iniciais de construção para o futuro organismo.
Os blastômeros resultantes de várias clivagens de um zigoto se transformam em mórula – mudam sua forma e se juntam uns aos outros para formar uma bola compacta de células, com a aparência de uma amora, da qual o nome origina.
O estágio de mórula ocorre 3 a 4 dias após a fecundação, quando o embrião é transportado das tubas uterinas para o útero. Depois dessa etapa, ele se transforma em blastocisto.
Continue a leitura e entenda melhor o que é blastocisto!
Uma massa sólida de blastômeros na superfície da mórula dá origem a partes extraembrionárias, enquanto as células do interior (massa celular interna), desenvolvem-se no embrião propriamente dito.
Ou seja, conforme ocorrem as sucessivas clivagens, há a formação de uma cavidade interna, a blastocele, e assim o embrião passa do estágio de mórula para o estágio de blástula, ou blastocisto.
Blástula deriva do grego blastos = broto = cisto = cavidade. É o termo utilizado para descrever a massa celular oca que se forma. Blastocisto é a fase de desenvolvimento entre o quinto e sexto dia, quando o embrião implanta no endométrio (nidação), até desenvolver-se e tornar-se feto, o que ocorre aproximadamente na 8ª semana de gestação.
É composto por dois tipos celulares já diferenciados, a massa interna da célula e a camada envolvente chamada de trofoblasto, que estabelece uma conexão com o útero funcionando como uma espécie de precursor da placenta.
Assim como na gestação natural a fase de blastocisto também é importante na reprodução assistida. Tradicionalmente o embrião era transferido para o útero entre o segundo e terceiro dia de desenvolvimento, na clivagem ou D3.
No entanto, com os avanços dos meios de cultura que permitiram o cultivo embrionário por mais tempo, a transferência em blastocisto se tornou a principal opção.
Além de haver maior sincronização fisiológica, uma vez que é nessa etapa que ocorre a implantação na gestação natural, com o embrião em blastocisto surgiram importantes técnicas complementares ao tratamento por fertilização in vitro (FIV).
O teste genético pré-implantacional (PGT), uma ferramenta molecular que possibilita a análise das células embrionárias apontando doenças genéticas e anormalidades cromossômicas, está entre elas.
O PGT é, inclusive, a única forma de evitar a transmissão de doenças genéticas para as futuras gerações., ao mesmo tempo que minimizou os índices de falhas na implantação e abortamento, ao identificar anormalidades cromossômicas como a aneuploidia (quando há mais, ou menos, cromossomos do que o normal), associada diretamente ao problema.
Da mesma forma que o PGT, o hatching assistido ou eclosão assistida também contribuiu para reduzir falhas e abortamento.
Na gestação natural, assim como na FIV, para implantar no útero o embrião deve romper a zona pelúcida, uma película que o envolve nos primeiros dias de vida. O processo é conhecido como hatching.
No entanto, alguns embriões têm dificuldades para rompê-la, particularmente os formados por óvulos de mulheres mais velhas. No hatching assistido são criadas aberturas artificiais para facilitar o processo, aumentando, consequentemente, as chances de a implantação ser bem-sucedida.
O embrião na fase de blastocisto também tornou possível o congelamento de todos formados em um ciclo de tratamento, para a transferência apenas no posterior. A técnica, que recebeu o nome em inglês freeze-all, é uma solução importante para mulheres com alterações no ciclo endometrial, afetando o período de maior receptividade conhecido como ‘janela de implantação’, provocando falhas e abortamento.
Com os embriões congelados, é realizado teste ERA na mulher, que analisa as células embrionárias permitindo apontar com bastante precisão o período de maior receptividade para que a transferência ocorra no ciclo seguinte. A técnica freeze-all também contribuiu para redução de falhas e abortamento em alguns casos. A individualização do tratamento é muito importante.
O congelamento de todos os embriões possibilitou, ao mesmo tempo, a transferência de um único embrião contribuindo, assim, para minimizar os percentuais de outro problema: a gestação gemelar.
Ainda que a o nascimento de filhos gêmeos seja desejado por muitos pais, a gravidez múltipla é potencialmente mais perigosa para a mãe e para o feto quando comparada com a única.
Há, por exemplo, maior risco de pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial), de descolamento da placenta, parto prematuro e de bebês nascidos mortos (natimorto).
A possibilidade de cultivo do embrião até a fase de blastocisto, portanto, contribuiu para aumentar os índices de sucesso da FIV, os mais altos da reprodução assistida.
Toque aqui e saiba mais sobre as vantagens da transferência na fase de blastocisto.
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